"Se em 2017 cerca de 57% dos cabo-verdianos disseram que pensaram em emigrar, já em 2024 esse número subiu para 64%", apontou o diretor nacional da Afrosondagem, José Semedo.
De forma semelhante, também diminuiu a proporção daqueles que afirmaram que nunca emigrariam, passando de 46% para 30%.
"A principal razão que leva os cabo-verdianos a quererem emigrar é, sobretudo, a procura de emprego", explicou.
O interesse em emigrar é particularmente elevado entre os jovens, atingindo 76% entre os entrevistados com idades entre os 18 e os 35 anos, e entre os desempregados à procura de trabalho (82%).
Além disso, 75% dos trabalhadores disseram já ter considerado emigrar.
Os homens demonstram maior interesse em emigrar do que as mulheres (70% contra 59%), assim como os residentes urbanos em comparação com os rurais (65% contra 60%).
A Europa continua a ser o destino preferido pelos cabo-verdianos, com seis em cada dez (61%) a indicar países europeus, seguida pelos Estados Unidos da América, com 28% das preferências.
Relativamente à imigração, quando questionados sobre se o país deve acolher o mesmo número de imigrantes que vêm procurar trabalho, as opiniões estão divididas, segundo a Afrosondagem.
Cerca de 34% afirmaram que o arquipélago deve receber menos imigrantes à procura de emprego, 25% consideram que deve receber mais, e 16% acham que o número deve ser mantido.
"Nós somos um país com propensão para a emigração, mas também, de certa forma, temos algum receio em receber imigrantes", explicou.
Sobre a emigração dos jovens nos últimos dois anos, 27% consideram que houve uma emigração em massa, enquanto a maioria, cerca de 67%, considera que a saída dos jovens é benéfica para os países da Europa e dos Estados Unidos.
O inquérito envolveu 1.200 entrevistados das ilhas de Santiago, São Vicente, Santo Antão e Fogo, abrangendo mais de 85% da população cabo-verdiana.
Em agosto, empresários cabo-verdianos disseram à Lusa que já pensam na possibilidade de importar mão-de-obra devido à saída de jovens para o exterior, sobretudo para Portugal.
Há um ano, o primeiro-ministro cabo-verdiano, Ulisses Correia e Silva, reconheceu que havia jovens a saírem do país à procura de melhores oportunidades, mas recusou a ideia de uma emigração massiva e pediu estudos sobre o fenómeno.
Segundo os dados dos serviços consulares da embaixada portuguesa na cidade da Praia fornecidos à Lusa, no total, de janeiro até final de novembro de 2023, os cabo-verdianos pediram 12.549 vistos de longa duração (mais de 90 dias) para Portugal, de todos os tipos, dos quais 11.702 foram concedidos.
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