A Coca-Cola poderá ter de pagar 16 mil milhões de dólares (cerca de 14,6 mil milhões de euros) de impostos em atraso nos Estados Unidos. O valor, a confirmar-se, varre-lhe cerca de um ano e meio de lucros, escreve o Financial Times.
As autoridades fiscais (Internal Revenue Service) alegam que a empresa tem estado a esconder lucros substanciais em países com impostos baixos, como a Irlanda, para evitar pagá-los nos Estados Unidos.
De acordo com a acusação, ainda passível de recurso, a Coca-Cola tem desviado lucros para subsidiárias em jurisdições com baixos impostos, como a Irlanda, o Brasil e Essuatíni (antiga Suazilândia), onde fabricam um concentrado de xarope misturado com água gaseificada para produzir bebidas como a Coca-Cola, a Fanta e a Sprite. O Fisco americano (IRS na sigla em inglês) argumenta que estas filiais, em especial a da Irlanda, que beneficiava de taxas de imposto mais baixas de 1,4%, eram muito lucrativas, obtendo rendimentos sobre os ativos significativamente mais elevados do que os da empresa-mãe americana.
O litígio remonta a um acordo de 1996 em que os lucros destas filiais foram reafetados à empresa-mãe nos EUA com base numa fórmula negociada. No entanto, o IRS alega que, desde 2015, a Coca-Cola aplicou incorretamente esta fórmula, o que resultou em rendimentos sub declarados nos EUA.
As implicações financeiras imediatas para a Coca-Cola são significativas. Se a Coca-Cola perder o recurso, não só terá de pagar os impostos em atraso, como também a sua taxa de imposto global poderá aumentar significativamente. O resultado deste caso está a ser acompanhado de perto pelo mercado, escreve o Financial Times, uma vez que poderá abrir um precedente para o IRS contestar as práticas fiscais de outras empresas americanas com subsidiárias lucrativas no estrangeiro.
Apesar da ameaça financeira iminente, a Coca-Cola reservou apenas cerca de 416 milhões de euros nas suas declarações de rendimentos para cobrir a potencial responsabilidade, mantendo a confiança na sua posição legal, diz o Financial Times.