"Na metalomecânica, existem grandes oportunidades em Cabo Verde, apesar de ser um mercado pequeno", disse à agência Lusa a diretora-geral da ANEME, Maria Luís Correia, no âmbito de um seminário que a associação realiza hoje, na cidade da Praia, sobre a cooperação entre Cabo Verde e Portugal nesse setor de atividade.
E para entrar o mercado cabo-verdiano, aconselhou as empresas portuguesas do setor a não abordarem o país unicamente na estratégia local, mas também nas oportunidades que podem desenvolver, na cooperação com as congéneres de Cabo Verde, para fazer a ponto para outros países africanos.
Além de Cabo Verde, a diretora-geral deu conta que a associação portuguesa, que existe há mais de 60 anos, está há vários anos no mercado dos restantes países de linga portuguesa, com realização de missões empresariais, realização de projetos, tudo para promover o setor.
"Tem disso uma preocupação da ANEME promover a cooperação e os negócios no âmbito dos PALOP (Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa)", disse Maria Luís Correia, que chefia uma delegação que está na cidade da Praia para também marcar presença na Feira Internacional de Cabo Verde (FIC), que decorre até sábado.
As grandes fileiras de atividade da associação são a metalúrgica e eletromecânica, que é a atividade de produção de bens de equipamentos, produtos metálicos e material de transporte.
Segundo a presidente, o seminário pretende dar uma visão das oportunidades de negócios que existem e mostrar as ofertas do setor em Cabo Verde.
Para isso, realizou-se um estudo que atualizou o número de empresas do setor na ilha de Santiago, tendo encontrado 90 da indústria transformadora dos diferentes setores, desde alimentar, metalomecânica, vestuário, química.
"Queremos reforçar a presença e incrementar os negócios em Cabo Verde", garantiu a líder associativo à Lusa, estimando em 100 milhões de euros o valor das exportações portuguesas do setor para Cabo Verde, representando 35% do total das exportações portuguesas para o arquipélago.
"Mas no contexto da metalomecânica não chega a 1%. Este setor exporta mais de 50% da sua produção e para todo o mundo. Estimam-se 200 mercados de destino. Portanto, temos muito aqui a crescer a incrementar as relações", referiu.
Mesmo com a pandemia da covid-19, o setor não esteve parado, mas as exportações caíram 13% em 2020, contudo, Maria Luís Correia disse que já estão a "crescer bastante" este ano.
"E achamos que isso vai dinamizar", perspetivou a presidente da ANEME, que é vice-presidente da assembleia-geral da Confederação Empresarial da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CE-CPLP).
Tal como em Portugal, a porta-voz das empresas constatou uma "carência" de mão-de-obra especializada em Cabo Verde no setor metalúrgico e eletromecânico.
"Investir na qualificação da mão-de-obra é estratégico para nós e também nos países com os quais temos relacionamento", salientou, esperando um dia replicar em Cabo Verde uma experiência semelhante à que existe em Moçambique, que já tem um centro de formação para o setor.
Na quarta-feira, o diretor da Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal (AICEP) em Cabo Verde, Paulo Borges, disse à Lusa que, não obstante à pandemia da covid-19, Portugal bateu em 2020 o recorde com cerca com 380 milhões de euros em exportações de bens e serviços para Cabo Verde e recuperou a primeira posição de maior investidor estrangeiro no arquipélago.
Apesar de ainda continuar a sentir os impactos da pandemia da covid-19, disse que as exportações portuguesas para Cabo Verde já estão a crescer novamente a cerca de 6%, em relação ao ano passado.
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