Segundo o relatório semanal sobre a evolução dos mercados monetário e cambial do BNA, ao qual a Lusa teve hoje acesso, as vendas entre 27 e 30 de abril foram concretizadas a uma taxa média de referência do mercado cambial interbancário de 109,85 kwanzas (89 cêntimos de euro) por cada dólar, renovando máximos, mas abrandando a aceleração dos últimos meses.

Na semana anterior, estas vendas, em leilões, cifraram-se em 290 milhões de dólares (258 milhões de euros), traduzindo-se numa subida de 6,89%.

Durante o mês de abril, a injeção de divisas pelo BNA rondou (até) 310 milhões de dólares semanais, mas persistem as dificuldades de empresas e clientes no acesso a divisas nos bancos comerciais. O dólar norte-americano disparou mais de 10%, face ao kwanza angolano, nos últimos seis meses, acompanhando a escassez de divisas devido à quebra nas receitas petrolíferas e com reflexos no custo de vida.

Entretanto, cada nota de dólar continua a ser transacionada nas ruas de Luanda a mais de 150 kwanzas, sendo este um recurso devido às limitações no acesso a divisas pelo sistema bancário.

Algumas indústrias têm vindo a confirmar a redução da atividade laboral devido à falta de acesso a matéria-prima importada, tendo em conta os atrasos nos pagamentos de faturas internacionais (em divisas).

Em 2014, até ao mês de outubro, a venda de cada dólar cifrou-se sempre em menos de 100 kwanzas.

A situação reflete-se também no dia-a-dia, no aumento dos preços (reconhecido pelas autoridades angolanas), com o argumento da grande dependência angolana das importações.

Transações que são feitas em dólares e que, por isso, estarão agora mais caras, face ao kwanza, afetando nomeadamente produtos alimentares.

Os sindicatos angolanos apelaram nos últimos dias à tomada de medidas, pelo executivo, para colmatar o agravamento do custo de vida no país.

O petróleo representou cerca de 70% das receitas fiscais angolanas em 2014, mas a quebra da cotação internacional do barril de crude deverá fazer descer esse peso, segundo o Governo, para 36,5% em 2015 e já obrigou à revisão do Orçamento Geral do Estado para este ano.

PVJ // VM

Lusa/Fim