"Espero que tenham lido o discurso de [Donald] Trump de ontem [segunda-feira] ou tenham ouvido. É complicado, deve ter deixado muita gente com dor de barriga", disse Adalberto Costa Júnior, quando respondia aos jornalistas presentes na conferência de imprensa sobre o estado da economia de Angola.
Segundo o líder da União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA), o Presidente dos Estados Unidos da América (EUA), Donald Trump, "está a anular todas as deliberações do anterior [Presidente], está a vender uma América de sonhos, está a fechar os interesses americanos".
"Veja o discurso do Trump: nós, nós, nós, nós e nós. É por causa disso que nós angolanos devemos saber unirmo-nos e defender o interesse nacional. Não foi convidado nenhum líder africano, há representantes dos monopólios que estiveram lá na cerimónia, são reflexões que deixo aqui partilhadas", salientou.
Adalberto Costa Júnior disse acreditar em Angola, "um país extremamente rico, de uma diversidade excecional que aumenta a sua riqueza".
"Temos que trabalhar, arregaçar as mangas e deitar abaixo os muros partidários que nos iludem muitas vezes e que nos separam a nós próprios", frisou.
Relativamente ao Corredor do Lobito, o líder da UNITA disse esperar que os monopólios não destruam a infraestrutura ferroviária que liga Angola à República Democrática do Congo (RDCongo) e os sonhos dos angolanos.
"Porque esta é a perspetiva, os monopólios. E tudo o resto, cuidado também com a dialética que se traz para aqui dos americanos. Nós estamos a ser simplesmente ponto de passagem para minérios raros para a América tirados da RDCongo. Então, tratemos de andar juntos, unidos e defendermos os nossos interesses e combater os monopólios e termos um Caminho-de-Ferro de Benguela -- que é o nome que ele tem [numa referência ao agora denominado Corredor do Lobito] -- ao serviço dos angolanos", referiu.
Em dezembro de 2024, ex-Presidente norte-americano, Joe Biden, visitou Angola e o Corredor do Lobito, na província de Benguela, litoral sul do país, infraestrutura que considerou a construção de um futuro melhor para que as pessoas tenham mais benefícios e oportunidades, insistindo que "África é o futuro".
Joe Biden destacou os ganhos de tempo conseguidos em termos de transporte, mais barato e menos poluente, anunciando um novo financiamento de 600 milhões de dólares (570 milhões de euros), elevando o total de investimentos dos EUA no Corredor do Lobito para quatro mil milhões de dólares (3,8 mil milhões de euros).
NME // MLL
Lusa/Fim