"A mensagem do senhor primeiro-ministro é uma mensagem que fala de um país ao contrário daquele em que nós vivemos. É uma mensagem que não cola com a realidade e com as dificuldades de milhões de portugueses", considerou hoje Jaime Toga, membro da Comissão Política do Comité Central do PCP.
Falando aos jornalistas no Centro de Trabalho do Porto, o dirigente comunista considerou também que a mensagem de Luís Montenegro "não augura nada de positivo, porque se não se identificam os problemas, não se é capaz de resolver os problemas como há necessidade de se fazer".
Jaime Toga tinha começado a sua intervenção recordando que Portugal "tem dois milhões de pessoas a viver abaixo do limiar da pobreza, dos quais 300 mil são crianças", bem como "um milhão de reformados que recebem pensões de miséria".
"Mas ao mesmo tempo, os principais grupos económicos acumulam 32 milhões de euros de lucros por dia", assinalou ainda, apontando depois, numa referência à menção, por Luís Montenegro, da necessidade de criar riqueza, que "o país tem uma necessidade, acima de tudo, de distribuir riqueza".
Já questionado sobre a menção a um "ano de viragem" feita por Luís Montenegro, Jaime Toga considerou que o problema não está "em mensagens e discursos", mas sim na "resposta aos problemas com os quais o povo português está confrontado".
"Não é possível haver uma viragem na vida nacional se não há um aumento de salários capaz de repor o poder de compra" ou se não houver "respostas no Orçamento do Estado", que considerou estar feito para "responder aos interesses dos grupos económicos, os tais que acumulam 32 milhões de euros por dia".
O primeiro-ministro defendeu que 2024 foi "um ano de viragem e de mudança" e assegurou que a "nova política de baixar os impostos e valorizar os salários e as pensões" está a ser realizada "com rigor e equilíbrio orçamental".
Na sua primeira mensagem de Natal enquanto primeiro-ministro, Luís Montenegro inclui nas prioridades para o futuro a promoção de uma "imigração regulada" e o combate à criminalidade -- sem ligar os dois temas -, a par do reforço dos serviços de saúde, educação, transportes e da execução do "maior investimento em habitação pública desde os anos 90".
O primeiro-ministro considerou que o governo PSD/CDS-PP que lidera desde 02 de abril "trouxe novas prioridades e novas opções", numa mensagem gravada na residência oficial, em São Bento, e hoje transmitida pela RTP.
JE (SMA) // JPS
Lusa/Fim