
Entre 14 e 15 de abril, Xi Jinping visitará o Vietname, um dos países, juntamente com a China, mais afetados pelas tarifas "recíprocas" anunciadas por Trump na semana passada. Entre 15 e 18 de abril, Xi deslocar-se-á à Malásia e ao Camboja, detalhou o Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, em comunicado.
Na semana passada, Trump anunciou tarifas de mais de 40% sobre países como o Vietname, Laos, Myanmar e Camboja, e fixou em 32% as tarifas sobre a Indonésia, a maior economia da região.
A imposição de pesadas taxas alfandegárias pelos Estados Unidos sobre bens oriundos das nações do Sudeste Asiático ameaça penalizar ainda mais a China.
Em causa está o 'comércio triangular', no qual os produtos são exportados quase concluídos da China para aqueles países, onde é acrescentado um componente ou acabamento, visando alterar o local de fabrico.
Esta estratégia serviu para os exportadores chineses contornarem as taxas impostas por Trump sobre centenas de milhares de milhões de dólares de importações oriundas da China, durante o primeiro mandato do republicano (2017--2021).
Vietname, Tailândia e Camboja representaram, no ano passado, 6% do total das importações dos EUA, em comparação com 3,5%, antes do primeiro mandato de Trump, segundo dados analisados pela Gavekal Dragonomics, unidade de investigação focada na economia chinesa.
Durante o mesmo período, as exportações da China para esses países aumentaram acentuadamente. O aumento das importações dos EUA e o aumento das exportações chinesas verificaram-se nas mesmas categorias de bens, em grande parte maquinaria e eletrónica, destacou a unidade de investigação.
A Associação das Nações do Sudeste Asiático (ASEAN) manifestou na quinta-feira o desejo de "encetar um diálogo construtivo" com os Estados Unidos.
Numa reviravolta, o Presidente norte-americano anunciou na noite de quarta-feira uma suspensão de 90 dias das chamadas "tarifas recíprocas", com exceção das impostas à China.
A Casa Branca esclareceu, na quinta-feira, que a tarifa total sobre as importações chinesas é de 145%, uma vez que teve de ser acrescentada a tarifa de 20% que tinha sido anteriormente imposta à China devido à crise do fentanil.
A imprensa oficial chinesa assinalou, nos últimos dias, que o país asiático diversificou os destinos das suas exportações nos últimos cinco anos, pelo que não é tão vulnerável a uma guerra comercial com os Estados Unidos como foi durante a primeira presidência de Trump.
A televisão estatal CCTV destacou recentemente o papel da ASEAN, o maior parceiro comercial da China, e dos países emergentes em geral, com os quais Pequim realiza agora 60% do seu comércio.
A guerra comercial entre as duas maiores economias do mundo intensificou-se rapidamente, numa altura de grande volatilidade dos mercados e de crescentes apelos internacionais à contenção.
A China insiste que não quer uma guerra comercial, mas que "não tem medo de a enfrentar se necessário".
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