De acordo com o relatório do INE, que detalha a produção dos principais cereais em Moçambique, o país produziu no ano passado 2.124.749 toneladas de milho, contra as 2.382.511 toneladas em 2022.

Ainda assim, trata-se de um registo acima dos anos anteriores - com exceção de 2022 -, que segundo o INE foi de 1.836.925 toneladas de milho em 2021, 1.632.321 toneladas em 2020 e 1.451.686 toneladas em 2019.

A província de Tete liderou em 2023 na produção de milho, com 501.080 toneladas, seguida de Manica, ambas no centro do país, com 398.619 toneladas.

Já a produção moçambicana de arroz caiu em 2023 para 161.829 toneladas, contra 245.792 toneladas no ano anterior. Essa produção foi ainda a mais baixa dos últimos cinco anos, segundo o histórico disponibilizado pelo INE.

A província da Zambézia, centro do país, liderou em 2023 na produção de arroz em Moçambique, 48.537 toneladas, seguida de Gaza, no sul, com 40.946 toneladas.

O relatório aponta igualmente quebras na produção de outros dois cereais de referência no país, casos de mapira, que recuou 15%, para 139.553 toneladas em 2023, e de mexoeira, que caiu 32%, para 17.098 toneladas.

Mais de 100 mil pessoas da província de Manica estão em risco de insegurança alimentar devido aos impactos climáticos do fenómeno El Ninõ, reconheceram em agosto as autoridades locais, justificando a situação com a quebra na produção agrícola.

Dionísio Rapeque, chefe do departamento de Segurança Alimentar e Nutricional, na Direção Provincial de Agricultura e Pesca de Manica, explicou que desse número, 49 mil pessoas já necessitam atualmente de assistência alimentar.

"Estas 49 mil [pessoas] precisam de comida, mas temos uma parte que resta. Agora que vamos na campanha agrícola 2024/2025, se elas não têm comida, significa que não vão ter sementes. Todos os estoques de adquirir as sementes estão desprovidos", disse.

Segundo o representante, a situação é causada pela fraca produção registada na campanha agrícola 2023/2024, devido aos impactos do fenómeno El Niño, que afetou os distritos de Machaze, Tambara, Guro e Macossa, naquela província.

Dionísio Rapeque disse ainda que "serão distribuídas sementes para as famílias afetadas para a próxima campanha agrária".

Moçambique é considerado um dos países mais severamente afetados pelas alterações climáticas globais, enfrentando ciclicamente cheias e ciclones tropicais durante a época chuvosa, que decorre entre outubro e abril.

 

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