O ministro dos Assuntos Parlamentares garantiu nesta terça-feira ser intenção do Governo valorizar o papel do jornalista, sublinhando que nenhum profissional gosta de sentir que está a expressar "o que lhe foi encomendado".
O primeiro-ministro afirmou que pretende em Portugal um jornalismo livre, sem intromissão de poderes, sustentável do ponto de vista financeiro, mas mais tranquilo, menos ofegante, com garantias de qualidade e sem perguntas sopradas.
Pedro Duarte, que falava esta tarde em Lisboa numa conferência sobre o Plano de Ação para a Comunicação Social, assegurou que o executivo quer "valorizar muito o papel do jornalista", sublinhando a importância do rigor deste trabalho.
Sobre este tema, o ministro Pedro Duarte esclareceu que o objetivo passa por valorizar o trabalho, mas também os próprios profissionais do setor, acrescentando acreditar que "nenhum jornalista gosta de sentir que está a expressar o que lhe foi encomendado".
Para Pedro Duarte, as declarações do primeiro-ministro foram defendidas "no sentido positivo", insistindo na valorização da qualidade informativa que é prestada diariamente. O que está em causa é "a qualidade do trabalho que cada jornalista faz", reiterou.
Luís Montenegro falou na conferência "o futuro dos media", em Lisboa, perante uma plateia com presidentes de empresas e órgãos de comunicação social nacionais e dezenas de jornalistas.
Apesar de ter rejeitado "qualquer tipo de intromissão no espaço que é o reduto do jornalismo", o primeiro-ministro referiu existir a obrigação de "possuir um edifício legislativo e de construir os alicerces da sustentabilidade financeira deste setor para que possa depois traduzir-se em maior grau de liberdade e em prosseguição do interesse público de informar".
Luís Montenegro fez a seguir várias apreciações sobre a atividade jornalística, começando por observar que "é tão importante ter bons políticos como bons jornalistas para que a democracia funcione".
Nesse sentido, o líder do executivo considerou que seria melhor se a comunicação social fosse "mais tranquila na forma como informa, na forma como transmite os acontecimentos e não tão ofegante". O Plano de Ação para a Comunicação Social contém 30 medidas para o setor.
Sindicato critica declarações de Montenegro
O Sindicato dos Jornalistas considera que o Plano de Ação para os Media apresentado nesta terça-feira “contempla um projeto de desmantelamento da RTP sob a capa da defesa do Serviço Público, com o corte da publicidade e o anúncio de despedimentos, com o eufemismo de ‘saídas voluntárias’”. “O projeto, embora incorpore medidas que podem beneficiar o setor, fica curto para a emergência que se vive na Comunicação Social”, lê-se em comunicado.
O sindicato classifica como “infelizes e desinformadas” as “críticas” de Montenegro ao jornalismo e ao trabalho dos jornalistas. “Este tipo de declarações em nada dignificam a profissão, que Luís Montenegro considera um pilar da Democracia, e contribuem para um clima de suspeição que lamentamos e rejeitamos. Tais palavras tornam-se ainda mais incompreensíveis porque geram desconfiança sobre o trabalho dos jornalistas e minam a credibilidade dos órgãos de informação”, refere a mesma nota.