A associação patronal esteve hoje reunida com os representantes dos trabalhadores, para uma reunião negocial, na sede da Apcor, em Santa Maria de Lamas, concelho de Santa Maria da Feira (distrito de Aveiro), e, segundo a Federação Portuguesa dos Sindicatos da Construção, Cerâmica e Vidro (Feviccom), não foi possível chegar a acordo relativamente a aumentos salariais.
"A associação patronal manteve a sua posição, ou seja, 36 euros [de aumento] de junho a dezembro, a que acresce 24 euros de janeiro a maio", enquanto os sindicatos querem um aumento de 60 euros desde junho, disse Nuno Gonçalves, em declarações à agência Lusa.
O dirigente sindical adiantou que, face ao impasse nas negociações, vai ser requerida a mediação do Ministério do Trabalho.
Enquanto decorria a reunião, quase duas centenas de trabalhadores, segundo os números da Feviccom, estiveram concentrados em protesto frente às instalações da Apcor.
Os trabalhadores da indústria da cortiça reclamam aumentos salariais para todo o setor e o fim da "tortura psicológica" a que dizem estar sujeitos de forma a prescindirem de direitos.
"Corticeiras em luta -- Não nos roubem mais", "Para uns há milhões; Para outros nem sequer há tostões" e "Basta de tortura psicológica -- Há que respeitar os trabalhadores" foram algumas das mensagens escritas nas faixas do protesto promovido em julho.
Quando as negociações salariais tiveram início, em abril, o Sindicato dos Operários Corticeiros do Norte reivindicava um aumento mensal de 72 euros no salário e 1,46 euros no subsídio de alimentação. Entretanto, a Apcor -- que representa 230 empresas do setor, 80% da produção nacional dessa matéria-prima e 85% das respetivas exportações -- contrapropôs um aumento de 21 cêntimos nas refeições e de 36 euros nos salários até dezembro e de 60 euros nos seguintes.
"Não aceitamos isso. O mínimo que estamos disponíveis a aceitar é 60 euros de aumento mensal, que é valor da atualização que houve em janeiro para o salário mínimo nacional, estipulado por decreto", afirmou o presidente do sindicato, Alírio Amorim, em declarações à agência Lusa durante o protesto de julho.
MPE (PD) // MSF
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