A venda de parte dos meios de comunicação social da Global Media, entre os quais o Jornal de Notícias (JN), TSF e O Jogo, estava prevista para esta sexta-feira mas foi adiada para a próxima semana. O dia apontado é agora 30 de julho, terça-feira, depois de esta semana ter sido marcada por várias reuniões para fechar o negócio.

Em causa estarão ainda as notificações obrigatórias por lei aos trabalhadores e aos delegados sindicais para que o negócio possa concretizar-se. Foi preciso comunicar a venda a cada trabalhador e também aos delegados sindicais do grupo mas neste último caso nem todos tinham sido notificados até ontem, o que inviabilizou o fecho para esta sexta-feira. Foi o caso dos delegados do Dinheiro Vivo (DV), a publicação económica do grupo que chegará ao fim com a divisão da Global Media em duas partes. Dos jornalistas do DV, seis ficam no Diário de Notícias (DN) e apenas um transitará para o JN. Os delegados sindicais têm dois dias úteis para se pronunciar sobre a operação.

Os títulos ficarão sob a alçada da Notícias Ilimitadas, empresa controlada em 70% pela Verbos Imaculados. Os restantes 30% ficarão com a Global Media. Dos 70% haverá ainda 9% que serão atribuídos aos trabalhadores do novo grupo através de uma cooperativa que ainda será criada.

Já a Verbos Imaculados tem como acionistas três empresas – a Ilíria – Serviços de Consultoria e Gestão, com 35%, a Parsoc – Investimentos e Participações, com 30% e a Mesosystem, com 15% – e ainda, com 20%, o jornalista Domingos de Andrade, atual diretor-geral da TSF e diretor-geral editorial das restantes marcas que vão ser vendidas.

Além do JN, O Jogo e 90% da TSF (10% ficarão diretamente na Global Media) transitarão para a Notícias Ilimitadas as marcas JN História, Notícias Magazine, Evasões, Volta ao Mundo, Delas.pt e N-TV. A Global terá 30% da Notícias Ilimitadas e manterá as participações que atualmente tem nos outros títulos - Diário de Notícias (DN), Açoriano Oriental, Diário de Notícias da Madeira, Motor 24, Men’s Heath e Women’s Health.

Desta operação, que passa pela venda, por 16,5 milhões, daqueles títulos à Notícias Ilimitadas, dependem outras operações, nomeadamente a venda dos 51% da Páginas Civilizadas, detidas pelo fundo de investimento World Opportunity Fund, a Marco Galinha, que detém os restantes 49% desta empresa que por seu lado controla a Global Media, com 50,25%. O empresário, proprietário do grupo BEL, recuperará assim o controlo da ‘nova’ Global Media.

E aguarda-se também a qualquer momento que o Estado avance com a compra das posições de 22,35% da Páginas Civilizadas e de 23,36% da Global Media na agência Lusa, operação que foi considerada “prioritária” pelo Governo e em que já há acordo entre as partes, faltando apenas a transferência do dinheiro.

A entrada de fundos na Global servirá para a empresa finalmente regularizar as dívidas acumuladas nos últimos meses – nomeadamente os colaboradores externos estão com dois meses de pagamentos em atraso, abril e maio, e estão ainda por pagar os subsídios de Natal.

Expresso

Autoridade da Concorrência deu luz verde à compra da VASP

Entretanto a Autoridade da Concorrência (AdC) decidiu não se opor à compra dos 50% da Cofina (ex-proprietária da CM e CM-TV, entre outros meios) na VASP pela empresa Palavras de Prestígio, detida pelo grupo BEL e que já tinha os outros 50% da VASP. Mas para que Marco Galinha assumisse a totalidade da distribuidora de publicações, foi necessário aceitar compromissos que, segundo a AdC, “garantem o acesso de todos os editores à rede de distribuição de jornais e revistas da VASP”.

Esses compromissos, explica o regulador, “incluem não só o acesso de todos os editores à rede de distribuição da VASP, como também que este acesso será feito em condições comerciais, logísticas e de qualidade de serviços justas, razoáveis e não discriminatórias”.

No que respeita às condições comerciais, “a VASP compromete-se a mantê-las sensivelmente em linha com as condições comerciais atualmente em vigor, sem prejuízo de eventuais alterações que sejam devidas a causas objetivas relacionadas com os custos da operação ou com a sustentabilidade financeira da empresa que resulte, entre outros, da diminuição substancial da circulação de jornais e revistas”. E “qualquer proposta de alteração das condições comerciais pela VASP deverá, previamente, ser avaliada e autorizada por um Mandatário de Monitorização, o qual assegura que apenas serão autorizadas alterações justificadas por causas objetivas, transparentes, proporcionais e não discriminatórias relacionadas com a estrutura de custos ou com a sustentabilidade financeira da empresa”.

O facto de Marco Galinha deter uma participação relevante na Global Media – e de estar em vias de assumir o controlo do grupo – pesou na análise feita pela AdC, de forma a garantir que os outros grupos de comunicação social não são prejudicados pela VASP, que passará agora a ser controlada pelo mesmo grupo que controlará um dos seus principais clientes, a Global.

“Perante um eventual risco da VASP passar a atuar em benefício dos jornais e revistas da Global Media e, eventualmente, discriminando o acesso das publicações periódicas dos editores concorrentes da Global Media, a AdC entendeu que só estaria em condições de poder aprovar a operação de concentração após a VASP assumir compromissos que garantam o acesso efetivo de todos os editores à rede de distribuição da VASP, como, também, que esse acesso é feito em condições comerciais, logísticas e de qualidade de serviços justas, razoáveis e não discriminatórias”, conclui a AdC.

A situação da VASP tem levado a alguns alertas por parte do sector dos media, atendendo à redução da circulação de publicações, com o fecho de pontos de venda e o aumento de custos que marcou os últimos anos. Os grupos de comunicação social têm alertado para o risco de algumas regiões do país ficarem sem acesso às publicações em papel.

Expresso