"A China continua empenhada num desenvolvimento e abertura de alta qualidade, o que trará novas oportunidades para as relações com a UE", afirmou o chefe de Estado chinês durante a primeira conversa telefónica que manteve com o presidente do Conselho Europeu, cargo que o ex-primeiro-ministro português assumiu em dezembro passado, segundo a agência noticiosa chinesa oficial Xinhua.
O telefonema surge num período de crescentes tensões comerciais entre Pequim e Bruxelas.
O bloco europeu impôs no ano passado taxas alfandegárias entre 7,8% e 35,3% sobre veículos elétricos oriundos da China, que se soma à taxa padrão de importação de carros da UE, de 10%.
Pequim retaliou com a imposição de taxas sobre a aguardente europeia e investigações 'antidumping' -- preço de venda inferior ao custo de produção -- sobre a carne de porco e laticínios europeus.
A conversa telefónica surge também um dia depois de Costa ter anunciado que os líderes dos 27 Estados-membros da UE, o primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, e o secretário-geral da NATO, Mark Rutte, vão reunir-se a 03 de fevereiro na Bélgica para discutir a defesa e segurança europeia.
Este encontro acontece no âmbito dos retiros informais de líderes que António Costa quer instituir para melhorar o método de trabalho do Conselho Europeu.
Ainda na conversa com Costa, Xi Jinping garantiu que a China "apoia o processo de integração europeia", bem como a "independência estratégica" da UE.
"A China sempre viu a Europa como um polo importante no mundo multipolar. Sempre apoiámos a integração europeia e o objetivo de autonomia estratégica da UE", afirmou, citado pela Xinhua.
A China tem defendido maior autonomia da Europa face aos Estados Unidos, numa altura de crescente rivalidade entre Pequim e Washington nas áreas do comércio, tecnologia, geopolítica ou segurança.
De acordo com Xi Jinping, a história das relações entre a China e a UE mostra que "se ambas as partes mantiverem o respeito mútuo, se tratarem como iguais e mantiverem um diálogo franco, podem fazer avançar a cooperação e alcançar resultados significativos".
Igualmente citado pela agência chinesa Xinhua, António Costa afirmou que a UE está "pronta a trabalhar com a China" para resolver as diferenças económicas e comerciais "através do diálogo e da consulta".
Esta troca de palavras entre António Costa e Xi Jinping acontece a poucos dias da tomada de posse do Presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump.
Pequim gostaria, segundo as palavras do líder chinês, de ter uma relação "estável, saudável e sustentável" com Washington, mas os especialistas acreditam que o gigante asiático estará preparado para se defender no caso de Trump intensificar a guerra comercial que iniciou no seu primeiro mandato (2017-2021).
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