Alexandra Lencastre e Margarida Bakker contracenam juntas pela primeira vez numa série de televisão. Vizinhos Para Sempre, uma produção conjunta da TVI, See My Dreams e Prime vídeo, estreia este mês, e pôs mãe e filha à prova.
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“Foi engraçado. No início, estávamos as duas muito nervosas. A Margarida é muito despachada. Então, só no próprio dia, no primeiro dia de ensaios, é que ela me disse: ‘Espera lá, vou chamar-te mãe ou Alexandra?’”, começa por dizer Alexandra Lencastre, às gargalhadas. “Eu respondi-lhe: ‘Filha, como te der jeito. Não vamos combinar nada, vamos ser normais’”, conta a experiente atriz, em conversa com os jornalistas.
Margarida Bakker assume: “Eu estava cheia de medo” ao início. Contudo, depressa percebeu que aquele “foi um presente incrível”. “Ainda por cima faz de minha sogra, detestam-se. Andámos sempre na risada. Poder contracenar com ela, pela primeira vez nestas circunstâncias, deu para desconstruir tudo. Era o que eu precisava para começar com o pé direito. Precisava de uma pessoa que me me conhecesse e que me fizesse soltar”, afirma a jovem atriz.
As duas falaram muito sobre as cenas que iam ter. Margarida mudou-se para a casa da mãe “por uns tempos”, em Sintra. “Tivemos umas improvisações que fizemos em casa. Partiu dela. Ela queria e achou piada que houvesse uma parecença entre nós. Falámos sobre tiques, uns trejeitos, a maneira de tocar no Tiago [N.R.: Teotónio Pereira], por exemplo”, partilha a atriz.
“É um bocadinho ingrato”
Mas se por um lado foi um presente, Margarida não esconde que primeiro teve de “fazer um trabalho de fragmentação”. “Eram várias camadas, era a minha mãe, a minha colega, e era com quem eu contracenava mais e com quem tenho a relação mais conflituosa. Teve de haver muitas conversas, foi difícil vê-la como colega. Foi imprevisível. Ela é de um profissionalismo… eu sempre estive atenta ao profissionalismo dela, mas ali é outra coisa, é uma espécie de ‘está na brincadeira, ouve-se ação e ela vai, certeira’, sem margem de falha, faz à primeira todos os takes. Eu não, estou a começar, mas ela ajudava-me, comecei a vê-la como colega na segunda semana e comecei a chamá-la por Alexandra”, partilha Margarida.
Feliz e orgulhosa da mãe que tem, a atriz não esconde que o nome Alexandra Lencastre tem muito peso. “A pior parte é a comparação constante, tanto visual como a nível de talento, é um bocadinho ingrato. Às tantas, acho que já consegui construir uma identidade que me separa muito dela. Sempre achei que era uma defesa ser mais masculina, mas acho que tem mesmo a ver com ter a mistura holandesa do meu pai [N.R.: Piet Hein], a frieza, pragmática, distanciamento emocional… também é um bocadinho gingão. Estou a afirmar-me, sinto cada vez me conhecesse nos pressão pela validação interior, que era o que eu também precisava”, desabafa.
E se em Vizinhos Para Sempre têm uma relação conturbada, mãe e filha conseguem deixar essas zangas em estúdio. “Sempre separámos muito bem as coisas. Somos atrizes muito diferentes, formámo-nos ambos no conservatório em teatro, eu tenho um estilo mais agressivo, uma energia mais masculina a representar, e ela é mais sensualona. A minha mãe era o meu ídolo, tentava procurar outros, senão era muita pressão para a minha mãe, como mãe e pessoa. Sempre a admirei imenso, principalmente em teatro.”
De acordo com Alexandra Lencastre, um dos receios de Margarida era a forma como seria vista pelos colegas, algo que a estrela da TVI desmistificou. “‘Vão sempre ter algo, faças o que fizeres’, disse-lhe. As pessoas vão interpretar sempre bem ou mal, ou acham que deveria ser mais querida, ou deveríamos estar mais próximas, sentadas juntas ou, pelo contrário, sentadas separadas. De maneira que, no primeiro dia, ficámos juntas e no segundo ficámos logo separadas. Mandei-a logo para o lado do namorado, que é interpretado pelo Tiago Teotónio Pereira, e acho que fiz muito bem.”
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Textos: Ana Lúcia Sousa (ana.lucia.sousa@worldimpalanet.com); Fotos: Arquivo Impala e Divulgação TVI