Natasha Sokunbi estava clinicamente "morta" quando deu à luz. O coração desta mãe de 30 anos, natural de Welsh Valleys, no País de Gales, parou durante 14 minutos depois de ter desmaiado na sala de espera das urgências. Na altura, estava grávida de 37 semanas.

Mas, afinal, o que aconteceu? A assistente social estava a cerca de três semanas da data prevista para o parto da segunda filha [também é mãe de Love, de 16 meses] quando ligou para o 112 a pedir ajuda para uma infeção no peito. A resposta foi que se dirigi-se às urgências e, após uma viagem de táxi de 25 minutos, chegou ao hospital no dia 3 de dezembro, por volta das 8 horas. Fez o check-in na receção e sofreu uma paragem cardíaca cinco minutos depois.

“A última coisa de que me lembro foi de estar a caminhar pela triagem e de me sentir tonta e desmaiada. Depois perdia e recuperava a consciência enquanto faziam a RCP (reanimação cardiopulmonar) e a cesariana. Estava tão confusa e com muitas dores - parecia que alguém estava a pisar o meu peito", recordou em entrevista ao The Sun.

"Depois disso, a minha memória seguinte foi ouvir o meu marido [Ayo, de 29 anos] e a minha irmã a falarem ao lado da minha cama e eu estava a tentar acordar, mas não conseguia porque tinha entrado em coma. O meu marido estava a dizer-me: ‘por favor, acorda’. Quando recuperei, percebi que não tinha um bebé na barriga e isso foi muito assustador", acrescentou, referindo que o marido lhe mostrou uma fotografia e disse que era uma menina.Senti-me tão culpada porque caí de bruços e pensei que tinha magoado o bebé.”



Natasha explicou ainda que não conseguiu dormir "durante três dias". O motivo é de partir o coração: "Tive medo que o meu coração parasse novamente. Tive medo de não acordar e nunca mais ver os meus filhos", contou.

Nesta situação, os médicos correram literalmente contra o tempo. Foi preciso uma equipa de 30 pessoas para realizar uma cesariana de emergência e, ao mesmo tempo, dar ar a Natasha e fazer-lhe compressões torácicas. A mulher teve de ser colocada em coma e só conheceu a filha três dias depois. O meu coração não estava a bater quando os médicos fizeram o parto da Beau. Eu estava basicamente morta", afirmou.


"Foi nada menos do que um milagre"


Andrew Bennett, um dos primeiros médicos a chegar ao local, descreveu o caso: Tanto quanto sei, é bastante inédito que tanto a mãe como o bebé sobrevivam nesta situação (...) Há apenas uma questão de minutos entre o coração da mãe parar até que o do bebé também pare, mas tivemos a sorte de a fazer nascer a tempo e ela ainda tinha pulso. A equipa correu literalmente do outro lado do hospital para a ajudar. Foi nada menos do que um milagre", esclareceu.

“A Natasha teve uma sorte fenomenal em ter vindo às urgências. Se tivesse acontecido em qualquer outro lugar, o resultado teria sido bem diferente.Foi ao mesmo tempo uma das coisas mais terríveis de ver acontecer a uma pessoa e um dos momentos de maior orgulho da minha carreira, ver tantas pessoas a trabalharem juntas tão rapidamente e a prestarem cuidados excecionais. Dizem que este é um acontecimento único na carreira de um médico de urgência", acrescentou.

O procedimento que salvou a vida de Natasha chama-se histeroctomia ressuscitativa. Um estudo do ano passado, citado pelo The Sun, estimou que a hipótese de mãe e bebé sobreviverem ao procedimento poderia ser de apenas 4,5%.

Natascha sofre de uma doença cardíaca genética, que acreditava estar controlada. “Eu sabia que engravidar era um risco, mas estava tudo bem nos exames com o meu cardiologista, a gravidez estava a correr muito bem", explicou. “Estou a viver um dia de cada vez e tive de aprender a andar novamente", disse.