Marco Paulomorreu, esta quinta-feira, 24 de outubro, na sequência de uma longa batalha contra o cancro. Nos últimos três anos, o cantor abriu as portas da sua casa aos portugueses através do programa Alô Marco Paulo, transmitido na SIC. O site do Fama Show esteve à conversa com Renata Cardoso, Alexandra Rocha, Patrícia Dinis e Denis Gatcher, elementos da produção do formato, que privaram de perto com Marco Paulo. Além do artista, destacam um homem que amava a vida e guardam memórias únicas de momentos que partilharam.

“O ambiente era muito bom, rimo-nos muito, cantámos muito. Ele ganhou muitos amigos e nós um amigo”, começou por contar Alexandra Rocha.

Para quem trabalhou de perto com Marco Paulo, o artista partilhou o seu lado mais íntimo e pessoal. “O Marco foi-se adaptando, foi confiando em nós e expôs um lado que ele nunca tinha mostrado. O Marco era puro em tudo o que dizia, era verdadeiro, nunca mentia, era super honesto e uma pessoa que gostava muito de pessoas. Mais ninguém faz o que ele fazia. Ele ficava à porta de casa a receber toda a gente. Fossem convidados famosos ou anónimos, fosse a equipa, ele estava lá para dar um abraço e um beijinho a todos (…) Estivesse frio, chuva ou sol, ele queria estar com as pessoas. Ele estava sedento de abraçar, de dar beijinhos, de sentir amor, de sentir que gostavam dele”, afirmou Renata Cardoso.

“Toda a gente da equipa o adora, toda a gente perguntava por ele. O próprio Marco Paulo quando algum dos técnicos se magoava, quando alguém torcia um pé ou batia com a cabeça, no dia a seguir já ia a correr para saber novidades, perguntava sempre por essa pessoa e pelo nome (…) Não via ninguém a preocupar-se com a equipa da mesma forma”,acrescentou ainda Alexandra.

Marco Paulo com Alexandra Rocha e Patrícia Dinis
Marco Paulo com Alexandra Rocha e Patrícia Dinis Fama Show

"Recebia-nos sempre com um sorriso"

A equipa do programa era como uma família para Marco Paulo e as portas da sua casa estavam sempre abertas para qualquer um. O ambiente que se vivia nas gravações era de descontração e com muita música à mistura. Marco Paulo não resistia mesmo a dar uns 'passinhos de dança'.

“Havia sempre uma música e o Marco dançava. Eu acho que há três anos era impossível vermos o Marco a dançar. Ele brincava, cumprimentava todos os técnicos, todas as operadoras que lá estavam. Ele recebia-nos com um sorriso. Ele ficava à espera, ansiosamente pelas gravações durante oito ou 15 dias. Foi isso que o foi mantendo cheio de energia, porque ele vivia aquele dia com uma intensidade tão grande”, afirmou Renata Cardoso.

Já Denis Gatcher recorda os almoços e as longas conversas após as gravações. “No final do trabalho costumávamos almoçar. Normalmente, as pessoas quando acabam o seu dia de trabalho, estão fartas ou saturadas e querem ir embora. Nós ficávamos ali à conversa com ele. Às vezes, ele estava cansado, mas trocava de roupa, vinha comer para ao pé de nós e ficava ali. Nós utilizávamos a piscina dele. Eu lembro-me de dar uns mergulhos”, contou.

Era um ambiente tão bom, tão saudável. Era a mesmo uma coisa caseira de família, era como se ele tivesse adotado, de repente, 100 netos. Ele gostava mesmo de receber as pessoas e que elas se sentissem em casa”, acrescentou.

Renata e Alexandra lembram também os vários telefonemas de Marco Paulo, nem sempre por questões de trabalho, mas para dar os parabéns a um familiar ou para perguntar se estava tudo bem.

Adriana Urbano

O amor pelo público e a dedicação à SIC

Com mais de 50 anos de carreira, Marco Paulo tinha um amor imenso pelos seus fãs, que fazia questão de destacar em todas as emissões do programa. “Havia sempre público a assistir ao vivo à gravação. Muitas pessoas iam pela primeira vez, vinham de longe para poderem assistir. Às vezes acabávamos as gravações às 02h00 da tarde e ele não ia almoçar enquanto não tirasse uma foto ou desse um beijinho”, recordou Renata Cardoso.

Patrícia Dinis - que fez várias reportagens de exterior – lembra, sobretudo, o sorriso de Marco Paulo perante as pessoas. Quando se ligava a câmara, ele abria o seu sorriso, enchia tudo e as pessoas ficavam mesmo encantadas com ele. Acho que é por causa disso que as pessoas com quem eu fui falando ao longo dos últimos meses e que o viram uma vez na vida, ficaram com aquela imagem dele para sempre. Inacreditável”, recordou.

“Mais do que se preocupar com o estar doente e não se sentir capaz de pisar um palco a cantar, preocupava-se em não falhar com o público. Ele dizia sempre: ‘Eu devo ao público aquilo que eu sou’. Não queria que elas ficassem tristes ou que chorassem porque ele estava doente. Não gostava desse sentimento, de perceber que não estava a conseguir retribuir aquilo que lhe deram”, acrescentou Alexandra Rocha, em seguida.

“Ao longo dos últimos 30 anos, ele viveu como cancro sempre (…) Eu acho que já foram tantos, já sofreu tanto e ele não falava disso. Ele não se queixava, não, nunca ficou magoado, deve tê-lo feito sozinho, mas nunca disse nada. Ele dizia: ‘Nós não temos só de viver com as coisas boa, temos de viver com as boas e as más'. Ele aceitou, aceitou ficar sem os caracóis, depois com o cabelo grisalho, depois sem o cabelo, ele aceitou, simplesmente”, notou ainda.

Além dos fãs, Marco Paulo tinha também uma enorme paixão e dedicação pela SIC, canal onde conduzia o programa Alô Marco Paulo, desde 2021. “Quer estivesse a gravar ou não, ele dizia às fãs: ‘a SIC é o canal do nosso coração’. Ele fazia questão de frisar isso e, muitas vezes, não era para as outras pessoas ouvirem, porque não tínhamos câmara, não tínhamos nada”, contou Denis Gatcher

“Acho que era das grandes figuras da SIC, que realmente gostava do canal e que o sentia como um bocadinho dele”, acrescentou.

Mike Sergeant

“Ele amava a vida”

Renata, Alexandra, Denis e Patrícia lembram Marco Paulo como uma pessoa única, com um grande amor pela vida e uma vontade enorme de viver, lutando com ‘unhas e dentes’ contra as contrariedades.

“Ele vivia a vida com intensidade, foi lutador desde o início. O Marco não nasceu num berço de ouro, teve a carreira que teve, mas teve de conquistá-la, nem o pai o apoiava. Portanto, ele teve de ser lutador em todos os sentidos e depois teve as lutas das doenças que teve. Por isso, é que ele era tão agarrado à vida e a amava. Ele lutou mesmo muito para ter esta vida, para viver da música, para viver da voz, para levar emoções às pessoas. Isto era o sonho dele e, por isso, é que ele era tão agarrado à vida e a amava. O programa era o que o ligava às pessoas, que lhe permitia ainda cantar. Era a ligação dele à vida exterior, ao público e às fãs”, frisou Renata Cardoso.

Alexandra Rocha define ainda Marco Paulo como uma pessoa gentil e carinhosa. “Já ouvi tanta coisa sobre o Marco Paulo e tenho sempre de o defender porque não devem fazer juízos de valor sem o conhecerem (…) Nunca o vi ser desagradável, deselegante ou malcriado com ninguém” referiu.

“Antes do programa, já conhecia o Marco Paulo há muitos anos e ele sempre foi gentil e carinhoso. Ele chegava às salas de maquilhagem sempre bem-disposto, muito feliz e a rir. Ele entrava na sala e dava os bons dias, e se houvesse uma pessoa que não respondesse, ele ia ficar a dar o bom dia até que essa pessoa respondesse. Se a pessoa não respondesse, ele dizia: ‘Há aqui alguém está muito chateado hoje’ (…) Ele gostava que as pessoas estivessem bem e felizes, completou.