Através das suas redes sociais, onde se mantém sempre muito ativa, Luísa Sobral decidiu partilhar uma reflexão em torno da sua ligação ao desporto e da forma como, ao longo da sua vida, foi lidando com a prática de diferentes modalidades.
A transmissão dos Jogos Olímpicos de Paris, que chegaram ao fim este domingo, 11 de agosto, motivaram a artista nacional a recordar um episódio vivido em equipa, e também todas as vivências nos tempos da juventude, muitas delas que não terminaram da melhor forma.
“Há uns dias, antes de entrar em palco, deparei-me com toda a minha equipa a olhar para um telemóvel. O que viam? Os Jogos Olímpicos. Em todos estes anos, nunca os tinha visto interessados em atletismo ou salto em comprimento e, no entanto, ali estavam eles, colados a um pequeno ecrã. A verdade é que ainda na semana passada dei por mim a chorar ao ver o atleta sueco, Armand Duplantis, bater o recorde olímpico de salto com vara“, começou por escrever.
“O estranho de tudo isto não é o facto de eu ter chorado (desde que fui mãe que choro sempre que canto os parabéns), o estranho é ter chorado com desporto, algo de que não gosto e que só faço porque dizem que ajuda a viver mais tempo“, continuou.
Contudo, e ainda que não escondendo a emoção vivida com as diferentes competições, Luísa Sobral recordou como a sua “falta de jeito” sempre marcou a ligação ao desporto, o que lhe chegou a trazer problemas de maior.
Luísa Sobral: “O espelho refletia-me sempre mais gorda enquanto os números na balança diminuíam”
“No segundo ciclo veio o pior dos meus traumas: o corta-mato. Era só o ano começar e eu dava início a uma dolorosa contagem decrescente. Há algo no meu corpo que faz com que ele, mesmo correndo, fique sempre no mesmo lugar. Deveria ser estudado, quando morrer vou doá-lo à ciência. Já agora podem também entender o porquê de eu ficar embriagada com dois goles de sangria, mas isso é outra conversa“.
“Ao longo dos anos de liceu, parti tantas vezes os dedos das mãos que os meus pais ficaram amigos de uma das médicas das urgências”
“Numa dessas visitas, após um jogo de basquete na aula de educação física, a médica perguntou-me qual o dedo que me doía, disse-lhe que era o mindinho da mão direita, mas também o da mão esquerda. Ela achou estranho, mas fez o raio-X a ambas as mãos. Saí de lá com uma tala em cada mindinho e uma vergonha enorme de voltar à escola no dia seguinte. Até hoje não consigo entender como uma bola de basquete foi capaz de tal proeza“, continuou a artista.
Recordações que motivaram à seguinte conclusão da parte da irmã de Salvador Sobral: “O universo está farto de me mostrar que não fui feita para isto e que não deveria insistir. Universo, ganhaste“.
Ainda assim, garante: “Fico-me pelo ginásio e pela natação que, depois de me ter afogado tantas vezes, acabou por se tornar o único desporto que gosto verdadeiramente de praticar. Para além de ser seguro, sei que me vai ajudar na transição para a hidroginástica, algo que terei de fazer daqui a uns anos, quando começar com artroses e essas coisas que acontecem quando os corpos empenam“.
“Continuarei a sofrer com os atletas olímpicos nos próximos jogos, mas claro, do meu sofá, onde o meu ritmo cardíaco se mantém estável, os meus dedos a salvo e onde o maior movimento que tenho de fazer é o de levar uma mão até à caixa de lenços, enquanto assisto a uma partida de ténis de mesa“, concluiu.