“Ir a Fátima.” Foi este o último desejo que ficou por cumprir. Movido por uma fé inabalável, Marco Paulo confidenciou à TV 7 Dias, na última entrevista que nos concedeu [N.R.: Ver edição n.º 1962, de 18 a 24 de outubro], que desejava voltar ao Santuário de Fátima, caso superasse o cancro, para agradecer à Virgem Maria por cada “dia de vida” que teve durante este longo e duro processo.
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E para homenagear este homem de fé, a TV 7 Dias recorda a viagem que fez com o cantor ao Santuário de Fátima, em 2023, na noite de 12 de maio. “As pessoas sabem que eu me identifico muito com Nossa Senhora e Nossa Senhora comigo, e fazem questão de me darem beijinhos, pedir uma fotografia e conversar um bocadinho, e agora ainda mais, porque perguntam se estou melhor”, relatou o artista, que foi seguido até ao Santuário por dezenas de fãs.
Sempre com um sorriso no rosto, Marco Paulo, que dizia ter a sua “vida nas mãos de Deus”, revelou-nos os motivos que o levaram a ir a Fátima pela primeira vez, aos 19 anos: “Estava na tropa em Leiria. Tive um acidente enorme, numa camioneta, que transportava os militares que iam para Lisboa, entretanto os travões partiram-se e a camioneta galgou um muro e eu fui cuspido. Fui encaminhado para o hospital”, recordou. Embrenhado nas memórias, Marco Paulo lembrou ainda um episódio que o fez gargalhar: “Houve um dia em que foram visitar-me e eu pedi para que me tirassem do hospital. Fugi, fui para casa e depois fiquei uns dias de castigo, e o castigo que me deram foi cortar a relva do quartel. Não podia ter saído do hospital, estava ao cuidado do regime militar. Depois disso pedi à minha mãe para ir a Fátima. A minha mãe ainda era católica. Mais tarde, passou para a religião do meu pai, que era protestante. E foi assim que vim pela primeira vez a Fátima.”
Marco Paulo nunca mais deixou de visitar o Santuário. “Uma vez, uma pomba branca que voava no Santuário veio cair aos meus pés. Isso aconteceu quando tive o primeiro cancro, essa pomba andava sempre perto de mim. Uma senhora muito devota disse-me que era um sinal, e foi. Recuperei do cancro.”
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Texto: Telma Santos (telma.santos@impala.pt); Fotos: Arquivo Impala