O ano que terminou foi prolífero no jogo de cadeiras das grandes marcas de moda internacionais. Em Portugal, a plataforma de moda Portugal Fashion fez um interregno ainda sem data para regressar. E que coleções se destacaram dentro e fora do nosso país, sabendo que as grandes tendências são ditadas pelas grandes marcas fora de Portugal!
A moda é um dos sectores mais atrativos e mais produtivos do mundo industrial, seja ela de fast fashion, slow fashion ou de luxo. Em 2024, a Maison Chanel mudou de director criativo, Mathieu Blazy, escolheu um jovem para muitos desconhecido, mas que esteve à frente de uma outra grande casa, durante três anos, a italiana Bottega Veneta. Na Maison Margiela, a grande notícia foi a saída, ao fim de uma década, do inglês John Galliano, um dos melhores designers de moda do mundo da sua geração, e que ainda não se sabe qual o seu destino. No caso da francesa Balenciaga, fundada (1919) pelo espanhol Cristóbal Balenciaga (1895 – 1971), actualmente pertence ao Grupo Kering, mantém o director criativo, e muito polémico, Demna Gvasalia, que recentemente renovou o seu contrato com a marca. Nas propostas, destacam-se Elie Saab, Balmain, Louis Vuitton (para quem gosta do estilo bling bling), Ralph Lauren e Giorgio Armani. A moda de luxo continua a ser o setor que mais dita tendências, inspirando outros segmentos mais acessíveis como o fast fashion ou a moda de autor (slow fashion), o que não invalida que a moda que surge nas ruas tenha uma relação direta com as inspirações que as distintas marcas apresentam a cada estação.
Em Portugal, uma das grandes noticias do ano foi a suspensão, gosto de dizer desta forma porque não foi anunciado o seu fim, da plataforma de moda Portugal Fashion, sobre a qual se aguarda um regresso em breve, mesmo que tenha contornos distintos ao que existia. Das coleções mais bem fundamentadas e com valor acrescentado no panorama nacional, destacam-se a coleção SS 25 Fronteira, de Nuno Gama, que se deu a conhecer em Outubro passado no recém inaugurado Museu MUDE (Lisboa), e que foi uma das grandes propostas para homem quer do designer quer de todas as sugestões apresentadas em 2024. Outra coleção que se destacou, a pensar no verão deste ano, foi a de Gonçalo Peixoto, um profissional que fala para um público feminino jovem e contemporâneo. Para um público mais alternativo surge a coleção de Lidija Kolovrat, uma designer que aposta na qualidade dos materiais e em referências artísticas diversas. Seria impossível não mencionar a coleção da Duarte Hajime, divertida, consistente, inspirada nos mitos e mitologias das sociedades ancestrais, destacando a ganga (denim) como um material versátil e contemporâneo para dar corpo ao conceito da marca de streetwear.
Neste texto opto por não referir jovens designers ainda em processo de maturação, mas quem sabe um destes dias o farei. Obviamente, que outras coleções se destacaram como é o caso de Dino Alves, Buzina, Luís Buchinho, Valentim Quaresma ou Carlos Gil. Todos estes designers têm propostas sempre bem validadas no conceito e no segmento a que se dirigem, validando a grande qualidade criativa que 2024 provou, uma vez mais, que a moda nacional tem e que deve ser mais consumida pelo mercado interno.