Responsável pelas carreiras de artistas como Marco Paulo, Carlos Paião, José Cid, Toy e e muitos outros, Mário Martins foi convidado de Júlia Pinheiro e falou sobre a sua relação com Marco Paulo.

O produtor começou por relembrar a primeira vez que viu e ouviu Marco Paulo num programa de televisão de Cidália Meireles, onde eram apresentadas as novas vozes do panorama nacional.

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“Não queria cantar mas nunca explica porquê”

“Os artistas tinham ou não tinham talento, e a minha função era estar ali a ver o programa para ver se algum deles tinha possibilidades de vir a ser outra coisa. Nessa altura já trabalhava na Valentim de Carvalho. Apareceu um que tinha presença e tinha boa voz, só não tinha era boa cabeça. Estamos a falar do Marco Paulo”, apontou o produtor.

“Tinha uma voz que nunca mais se esquecerá, porque era uma voz com harmónicos, que é uma coisa que é raro acontecer. Ele era naturalmente afinado e com um timbre que era único, como se viu. Qualquer canção na voz de Marco Paulo era uma canção de se tornar a ouvir. Naquela coisa, eram muitos, eu devo ter escolhido dois, três, sei lá, para umas provas seguintes. Ele passou essas provas, fez aquilo com uma perna às costas porque a voz dele era excecional, única”, elogiou.

Porém, Mário Martins notou o mau feitio do artista que se refletia na resistência em cantar os temas que lhe propunha: “Os maiores sucessos, os imortais, é o ‘Tenho Dois Amores’ e ‘Ninguém Ninguém’. Ele não queria cantar o ‘Dois Amores’ mas nunca explica porquê, não explica o critério, se é que tem algum. E não é a primeira, nem a segunda vez que recusa. Eu depois insistia com ele e ele acabava por aceder a cantar as minhas sugestões”.

Texto: André Sousa / Fotos: Impala