
Rui Santos foi diagnosticado com cancro na língua em 2023 e mais de um ano depois, falou abertamente sobre o assunto na SIC. O tema foi abordado à conversa com Daniel Oliveira, este sábado, 22 de fevereiro, em Alta Definição.
Tudo começou com um susto durante "uma consulta de higiene oral", depois da higienista o ter alertado para"um nódulo na língua" e de ter recomendado um professor que trabalhava no IPO."Marquei uma consulta, retirámos duas amostras, foram para biópsia e no dia 13 de março [de 2023] recebi o resultado da biópsia e tinha um carcinoma de grau 2", explicou Rui Santos.
O pior veio a confirmar-se para o ator que interpreta Mateus, na novela A Herança. "O médico disse-me que tinham de tirar um terço da minha língua e que tinham de remover os gânglios linfáticos, que tinham de tirar um excerto da pele do pulso para depois pôr na língua e que provavelmente a minha dicção iria ficar afetada", referiu, acrescentado que neste momento ficou "muito assustado", muito devido à incerteza acerca do seu futuro, dada a profissão de ator.
"Foi difícil" - Rui Santos escondeu "carcinoma de grau 2" à mãe
"Foi duro, foi duro", confessou, indicando ainda que ficou "em choque" assim que soube, não conseguindo "verbalizar nenhuma palavra". "Fiquei completamente apático e nem estava a ouvir, [é] tudo rápido na tua cabeça. É quase um desespero tu não saberes o que é que vais fazer e como hás-de organizar as coisas", lembrou.
Dadas as circunstâncias, Rui Santos foi exposto a diversos exames e apesar de numa primeira instância o cenário ter parecido 'mais negro', acabou por surgir uma 'luz ao fundo do túnel'. "Felizmente, quando fizeram revisão de lâminas no IPO, verificaram que só a segunda amostra é que tinha células cancerígenas e a primeira não, era apenas uma displasia, e foi uma grande sorte porque aí reduzi drasticamente a área de intervenção da cirurgia, passou a ser mais pequena.Fiz uma citologia para confirmar se tinha ou não células cancerígenas nos gânglios linfáticos no pescoço, não tinha", explicou.
A "ansiedade", a "fase de recuperação" e o "sentimento de culpa"
"Para não pensar muito nisso, tentava ocupar-me, fazia exercício fisico e tudo, com uma sonda nasogástrica. Precisava mesmo de ocupar a minha cabeça. Tentava ocupar-me para tirar aquela ansiedade", recordou, desenvolvendo que todo o processo "é angustiante" e "doloroso", mas que com o tempo, aprendeu a lidar com o assunto de outra forma. "Racionalizas as coisas e pensas 'Ok podia ser muito pior'. Há situações bem piores, racionalizas e começas a pensar que 'no meio deste azar, tive sorte'", disse.
Recuperado, com vigias "de seis em seis meses", Rui Santos não consegue deixar de sentir "um sentimento de culpa" por fumar desde os 15 anos. "A carga tabágica não desaparece num ano ou dois, leva tempo a desaparecer e estava lá", explanou.