Aos 50 anos, São José Correia integra o elenco da novela A Fazenda e dá vida a uma mulher ambiciosa, que vive atormentada pelo passado. “Estou muito apaixonada pela Alba. Ela é uma mulher a quem morreu a filha, há 15 anos, num acidente na piscina, e que dedicou a vida toda às sobrinhas. A Alba é simplesmente uma pessoa com muita necessidade, que faz o que é preciso para sobreviver. Ela perdeu uma menina e tem um filho que é basicamente toxicodependente”, partilha.

O drama de perder um filho é algo que a atriz considera “contranatura. Nunca se supera. Ela vive na iminente depressão. Todos os casos que conheço de pessoas que perderam filhos acabaram para a vida. Conheço uma amiga a quem lhe aconteceu uma tragédia parecida, mas foi pior, porque o menino de cinco anos desapareceu. E falas com ela – é supersimpática, educada –, mas se estiveres mais de cinco minutos a observá-la percebes que há ali qualquer coisa que não está bem. Não se recupera. Conheço um senhor de 60 anos, que o filho se suicidou, e ele está à espera de morrer, não tem nenhum objetivo na vida. Está em casa, à espera de ir. A vida dele acabou”.

Questionada se consegue, ao fim de um dia de cenas intensas, desligar da personagem, a atriz é perentória. “Tenho de conseguir desligar, é a técnica de muitos anos. Mas claro que ficam sempre os restos, uns pozinhos que vão lá ficando, ao longo das semanas… No final da novela, não sei como é que estarei.” E em casa conta com o apoio do namorado, Victor Pinto da Fonseca. “Ele é maravilhoso. Tenho um namorado fantástico, que me apoia em tudo, que não me faz perguntas. Eu, às vezes, chego a casa tão cansada e falo tanto durante o dia que às vezes nem vou jantar”, revela, acrescentando que “ele lida bem com isso. Com a fama é um bocadinho pior. Com o ser abordada na rua ele não se chateia nada, só se chateia quando eu falo nele”.

Com um vasto currículo na ficção, já deu vida a inúmeras vilãs e afiança que é sempre acarinhada pelo público. “Na rua é tranquilo, porque mesmo quando eu faço papéis de má, as pessoas nunca me ofendem, falam comigo com respeito e admiração. Nunca fui maltratada. Quando fiz a Antónia, de Santa Bárbara, as pessoas abordavam-me e diziam que adoravam o meu papel.”

Texto: Neuza Silva (neuza.silva@impala.pt) Fotos: Divulgação TVI