
O parque de motos na Alemanha ultrapassou oficialmente os cinco milhões de unidades registadas, de acordo com os dados mais recentes divulgados no início de 2025. Este número histórico reflecte não só um mercado em crescimento, mas também uma cultura consolidada de utilização da moto como meio de transporte essencial — seja para lazer, trabalho ou deslocações diárias.
Ao contrário de outros países onde a moto é vista sobretudo como um veículo recreativo, na Europa — e na Alemanha em particular — o uso é prático e multifuncional. De viagens pelas estradas alpinas a deslocações no trânsito urbano intenso, as duas rodas são parte integrante da mobilidade moderna.
Crescimento sustentado e liderança bávara
A trajectória até este marco tem sido constante. Em 2021, a Alemanha contava com cerca de 4,5 milhões de motos registadas. Dois anos depois, o número já rondava os 5 milhões. Agora, esse patamar foi oficialmente superado, com a Baviera a liderar com 1.079.282 motos. Curiosamente, trata-se de um estado menos populoso do que a Renânia do Norte-Vestfália, que surge em segundo lugar com 947.291 unidades. Baden-Württemberg fecha o pódio com 784.427 registos, enquanto Hesse, apesar de ser um estado de menor dimensão, regista uns expressivos 368.859 veículos.
Regulações ambientais impulsionam as vendas
Um dos factores que mais contribuiu para o recente aumento de registos foi a entrada em vigor das novas normas Euro 5+. A necessidade de escoar stocks de modelos ainda homologados segundo os padrões Euro 5 levou os fabricantes a aplicar descontos significativos, o que resultou numa subida notável nas vendas e nos registos nos últimos meses de 2024.
A par disso, a moto continua a afirmar-se como uma solução eficiente para o quotidiano urbano, especialmente em contextos de congestionamento crescente, preços elevados nos transportes públicos e dificuldades de estacionamento nas grandes cidades.
BMW lidera, Vespa resiste, Honda surpreende pela negativa
No que toca às marcas mais populares no território alemão, a BMW continua a dominar de forma destacada, com 650.864 motos registadas. A marca bávara beneficia da forte presença no segmento touring e adventure, e da confiança natural do consumidor num produto nacional.
A italiana Piaggio ocupa o segundo lugar, alavancada pelo sucesso contínuo da Vespa, presença incontornável nas cidades europeias. Yamaha (474.836) e Suzuki (439.326) seguem de perto, enquanto a Honda — apesar de ser o maior fabricante mundial — surge apenas em quinto lugar, com 399.437 unidades em circulação na Alemanha.
KTM em dificuldades: o outro lado da moeda
Em contraciclo com o crescimento do mercado, a KTM atravessa um dos períodos mais delicados da sua história. A marca austríaca viu-se à beira da insolvência, com uma dívida que terá atingido os 2,9 mil milhões de euros. Está actualmente em processo de reestruturação, mas o futuro permanece incerto. A situação da KTM é um alerta claro para o sector: mesmo num mercado em expansão, decisões estratégicas mal calculadas podem ter consequências graves.
Uma cultura enraizada – e com espaço para crescer
Mais do que um número redondo, os cinco milhões de motos registadas na Alemanha simbolizam uma cultura sólida, transversal e em constante evolução. Do entusiasmo pelas grandes rotas ao uso prático no dia a dia, o amor dos alemães pelas duas rodas está mais vivo do que nunca.
A questão que se impõe agora é: quanto tempo falta para atingir os seis milhões?