O chefe do Estado-Maior do Reino Unido, Tony Radakin, afirma que Moscovo sofreu no mês passado as perdas de tropas mais significativas desde o início da guerra na Ucrânia. Estas baixas decorrem dos grandes esforços russos para assegurar ganhos territoriais, num momento em que os militares de Moscovo têm estado a avançar e as tropas ucranianas enfrentam dificuldades.
As forças russas sofreram uma média de cerca de 1500 mortos e feridos “todos os dias” em outubro, disse Tony Radakin, em entrevista à “BBC”. A Rússia não divulga o número de mortes desde os primeiros meses do conflito, mas o “Wall Street Journal”, em setembro, adiantava que mais de um milhão de pessoas de ambos os lados tinham sido feridas ou mortas desde o início do conflito. Autoridades norte-americanas afirmaram em declarações aos jornalistas no mês passado que a Rússia totalizou mais de 600 mil mortos ou feridos. O número estimado de baixas russas é mais de 40 vezes o que sofreu durante a invasão do Afeganistão, que durou uma década, de 1979 a 1989.
O alto representante das Forças Armadas do Reino Unido garante que o povo russo está a pagar um “preço extraordinário” pela invasão de Putin. “A Rússia está prestes a atingir as 700 mil pessoas mortas ou feridas - a enorme dor e sofrimento que a nação russa está a ter de suportar por causa da ambição de Putin”, acrescenta Tony Radakin. “Não há dúvida de que a Rússia está a obter ganhos táticos e territoriais, e isso está a pressionar a Ucrânia”, reconhece o chefe do Estado-Maior britânico, dizendo, no entanto, que as perdas foram “para pequenos incrementos de terra”.
A Rússia está a gastar mais de 40% das suas despesas públicas em defesa e segurança, o que, segundo Tony Radakin, torna esta guerra “um enorme sorvedouro” para o país. Estas declarações foram proferidas depois de um grande ataque com drones ter abalado Moscovo e os seus subúrbios na manhã de domingo. Em resposta, durante a noite, uma onda noturna de drones russos atacou a Ucrânia. O presidente da Câmara de Moscovo, Sergey Sobyanin, refere que 32 drones foram abatidos nos arredores da capital russa. O Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, afirmou no domingo que a Rússia “lançou um recorde de 145 Shaheds e outros drones contra a Ucrânia”.
A Ucrânia tem lutado nas últimas semanas para conter o avanço da Rússia na região de Donetsk. No mês passado, as tropas russas conseguiram assumir o controlo total da crítica cidade ucraniana de Vuhledar, após um esforço de mais de dois anos. De acordo com a “Bloomberg”, as tropas russas conseguiram na última semana de outubro conquistar mais terras ucranianas do que em qualquer outro momento desde o início da guerra.
Reagindo à eleição de Donald Trump e respondendo sobre se isso implicará a necessária cedência de território da Ucrânia à Rússia, o chefe de Estado-Maior do Reino Unido insistiu que os aliados ocidentais permanecerão resolutos "enquanto for necessário".
“Esta é a mensagem que o Presidente Putin tem de absorver e a garantia para o Presidente Zelensky”, frisa Tony Radakin.