No domingo, no Coliseu dos Recreios, Paulo de Carvalho recebeu a maior homenagem da noite: um Globo de Ouro de Mérito e Excelência pela longa, rica e histórica carreira na música.
Esta segunda-feira, em entrevista à SIC, confessa queficou surpreendido, mas não esconde a emoção que sentiu ao receber tamanha homenagem pelos seus 62 (longos) anos de carreira.
"O prémio serve para nós vermos, de certo modo, como somos apreciados no meio. E dá-me a sensação de que sou uma pessoa respeitada, que é o que me interessa".
No discurso que acabou por improvisar, fez vários agradecimentos, entre eles aos filhos e aos outros músicos que o acompanham. Mas, para Paulo de Carvalho, o maior reconhecimento vem do público que aprecia o seu trabalho. Admite, no entanto, que às vezes valoriza mais um reconhecimento a nível pessoal do que profissional.
"Gosto que reconheçam em mim determinados princípios que são importantes para a nossa sociedade. É por ai que começam as revoluções, pela educação e pela nossa forma de estar. Isso foi muito importante para mim".
"Não sou um falso modesto, sei o lugar que ocupo"
Mesmo com 62 anos de carreira, 28 álbuns, duas vitórias no Festival da Canção e uma senha em forma de música que espoletou o acontecimento mais importante da nossa democracia, Paulo de Carvalho diz que não se considera um "falso modesto" e tem consciência do lugar que ocupa.
No início deste ano lançou o álbum "2020". Produzido durante a pandemia é constituído por 12 canções, todas da sua própria autoria, quer na letra, quer na música ou nos arranjos musicais.
Um projeto que, na sua opinião, não teve o reconhecimento que merecia e por isso defende que deveria existir mais "igualdade" no mundo da música quanto à divulgação e promoção dos trabalhos de cada artista.
"É de ficar chateado? Não. É de ficar atento. Faz-se muito boa música em Portugal neste momento, há gente nova a fazer-se muito boa música. O meu tempo é agora, mas o meu tempo também já foi. Eu não pretendo estar ao nível de uma série de gente, pretendo só que deem a conhecer o que estou a fazer", acrescenta.
Para sempre um dos "rostos de abril" com a icónica canção “E Depois do Adeus”, Paulo de Carvalho considera que a "principal revolução não se fez".
"A revolução cultural ainda não se fez, tenhamos esperança que se venha a fazer. Porque essa é que leva as pessoas a viver realmente melhor".
"O Globo fará parte das coisas que têm a ver com o meu espólio"
Sem dar garantias, o artista revela à SIC que em breve pode iniciar conversações com o presidente da Câmara de Oeiras para se encontrar um local onde possa expor o seu espólio que vai desde "discos, a imagens, a fatos, troféus".
"Não lhe quero chamar museu. Gostaria que ficasse num lugar que fosse frequentado por muita gente, que ajudasse a que as pessoas vissem outras coisas que pode haver nesse lugar e que o contrário também existisse. Um lugar vivo", revela.
Paulo de Carvalho já recebeu inúmeros prémios, ao longo da sua carreira na música, que faz questão de partilhar com o público. O Globo de Ouro de Mérito e Excelência será certamente um deles.