Este artigo de opinião ancora-se na premissa de que o exercício profissional da disciplina de Enfermagem não se encerra tão e somente numa mera questão de competências e habilidades de cariz técnico-científico, mas também reconhecendo que envolve igualmente uma complexa interação emocional entre os clientes, famílias e as equipas multidisciplinares de saúde. O objetivo geral para a sua produção é, atendendo ao conceito de inteligência emocional, direcionar-se esta breve reflexão para um modelo reconhecido na literatura, no âmbito da temática em estudo: o modelo Bar-On de inteligência emocional e social.

A inteligência emocional é, efetivamente, um domínio de estudo relativamente recente, e que assume como seu real propósito expandir o conceito tradicionalmente aceite de inteligência, incorporando também os aspetos de cariz emocional e afetivo. Importa clarificar que este entendimento, descrito na literatura, resulta de todo um trabalho de um conjunto de investigadores ao longo da história, que definiram o que significa ser inteligente. Adicionalmente, existe uma crescente perceção da importância de considerar as relações entre cognição e emoção, o que pode levar ao reconhecimento da capacidade humana de lidar de forma inteligente com o mundo emocional, em harmonia com os seus propósitos de vida mais amplos.

O termo “inteligência emocional” foi efetivamente estabelecido pela primeira vez no início da década de 90 por Salovey e Mayer (1990). Porém, a sua origem remonta ao conceito de “inteligência social”, identificado por Thorndike em 1920, que o define como a capacidade de entender e gerir homens e mulheres, agindo de forma sábia nas relações humanas.

Importa também clarificar o contributo de Daniel Goleman, um dos investigadores mais relevantes reconhecidos neste domínio, e que em muito contribuiu para que hoje sejam assumidos comummente na literatura os pilares da inteligência emocional: (i) consciência emocional; (ii) autocontrolo emocional; (iii) automotivação; (iv) empatia; e (v) habilidades sociais.

Constata-se que um conjunto de modelos teóricos têm sido propostos para procurar compreender a natureza e o desenvolvimento da inteligência emocional. Um deles é o modelo Bar-On. Este modelo identifica cinco componentes, que contribuem para caracterizar a inteligência emocional, destacando também um conjunto de fatores relacionados com o autoconhecimento, autogestão, consciência social e habilidades de relacionamento. Com isto pretende-se alcançar o que se considera uma inteligência emocional completa e equilibrada.

O modelo Bar-On elenca um total de 15 fatores: 1– Autoestima; 2- Autoconsciência Emocional; 3- Assertividade/Autoexpressão Emocional; 4- Independência; 5- Empatia, 6- Responsabilidade social; 7- Relacionamento interpessoal; 8- Tolerância ao stresse; 9- Controlo de impulso; 10- Teste de realidade; 11- Flexibilidade; 12- Resolução de problemas; 13- Autoatualização; 14- Otimismo; e 15- Felicidade/Bem-Estar.

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