Ao longo da vida, a maioria das pessoas já sentiu, pelo menos uma vez, uma dor mais persistente na planta do pé, principalmente na zona no calcanhar, e em algumas situações, na zona mediana do pé. Não estamos a falar do famoso esporão do calcâneo, mas sim de fascite plantar.
A fascite plantar é uma inflamação na planta do pé que se caracteriza por uma dor aguda. Esta inflamação desenvolve-se devido a uma tensão ou força exercida numa estrutura fibrosa e pouco elástica, denominada fáscia. A sua principal manifestação clínica é a dor que ocorre no início do dia, após os primeiros passos, sendo mais comum de modo unilateral. Tende a melhorar ao longo do dia, mas quando em repouso, a dor retorna. As pessoas que manifestam esta patologia apresentam um tipo de pé cavo (excesso de curvatura) ou plano, o chamado pé chato (sem curvatura).
Em qualquer uma das situações, assim que sofre alguma tensão mais brusca, a fáscia acaba por inflamar. Existe um tipo de população que acaba por padecer mais desta patologia, nomeadamente os atletas de corrida, devido ao movimento repetitivo e tensão exercida durante a prática desportiva. Além disso, sendo provocada por excesso de tensão sobre a fáscia, a população que apresenta excesso de peso (obesidade) está também mais predisposta a esta patologia. Em ambiente laboral, as pessoas que desempenham a sua atividade profissional durante muitas horas de pé, com pouca mobilidade, têm também um risco elevado de desenvolver fascite. De salientar ainda que, devido ao rápido aumento de peso durante a gravidez, e pelo facto de a estrutura do pé não estar preparada, as grávidas podem também sofrer com fascite.
Porém, na maioria das vezes não existe uma causa única e específica para o desenvolvimento desta inflamação. É comum a presença de um conjunto de fatores que predispõem para o seu desenvolvimento. Por exemplo, sabemos que as pessoas que praticam exercício e que também têm excesso de peso são as que têm mais predisposição para desenvolver esta patologia. O uso inadequado de calçado, seja na prática desportiva (ténis) ou calçado dito mais confortável (chinelos rasos ou havaianas), contribuem também para o desenvolvimento da inflamação da fáscia. A existência de outras doenças associadas pode também contribuir para este desfecho, ou, muitas vezes, dificultar o diagnóstico.
Por este motivo, a fascite plantar exige uma avaliação clínica e deve ter uma abordagem multidisciplinar. Para se obter um diagnóstico correto, o profissional de saúde deve basear-se em três exames complementares de diagnóstico: raio-x em carga, ecografia ou ressonância magnética.
O principal tratamento passa pelo uso de palmilhas personalizadas, alongamentos e técnicas de fisioterapia. Em alguns casos mais severos, poderá haver necessidade de recorrer também a procedimentos, como infiltrações ou mesmo cirurgia.
A resolução total da fascite pode ser demorada. Nesse sentido, a prevenção é essencial, também com o uso de palmilhas personalizadas.
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