Não é a primeira vez que os preservativos fazem companhia às toalhas, bronzeadores e produtos de higiene na mala de viagem da Rita. Ela sabe que, muito provavelmente, este será um verão semelhante aos últimos três. O calor desperta-lhe a libido e, finalmente, liberta-se da pressão que sentiu, ao longo do ano como gestora de Marketing de uma multinacional. Este ano, irá com a Ana e a Paula, também elas solteiras, na casa dos 30 anos, e dispostas a umas “férias sexuais”.

Este relato pode lembrar-lhe algum episódio de uma série tipo “Sexo e a Cidade”, mas são cada vez mais comuns histórias reais semelhantes às da Rita e das amigas. A verdade é que, para muitas pessoas, independentemente do género, orientação sexual, ou idade, o verão desperta uma nova energia. E existem motivos concretos para que tal aconteça.

Com a chegada das temperaturas mais elevadas e dos dias mais longos, muitas pessoas sentem uma espécie de despertar dos instintos sexuais “hibernados”. A exposição prolongada ao sol facilita a produção de certas hormonas sexuais, como a testosterona, que desempenha um papel significativo no desejo sexual, a serotonina que ajuda a regular o humor, o sono e o apetite, e a produção de vitamina D, importante para a saúde dos ossos e do sistema imunológico.

Não são apenas as temperaturas que sobem no verão. O calor liberta inquietações e a libido ganha terreno nas noites escaldantes que nos levam a observar mais as pessoas numa esplanada, ou num bar, ou até mesmo na própria rua. As temperaturas altas convidam a vestir roupas mais leves e a revelar mais os corpos, dando uma sensação de maior liberdade e sensualidade.

Para muitas pessoas, o verão significa um período de férias. Época para visitar amigos, familiares ou ir um destino turístico. Porém, o espírito de verão também traz consigo o flirt, os “namoros de verão” e uma maior disponibilidade para o sexo. Muitos destes “namoros de verão” começam nas redes sociais, e esta época é propícia para que as pessoas que se conhecem virtualmente, nos quatro cantos do mundo, se encontrem pessoalmente.

Um dos principais benefícios dos “amores de verão” é que podem ser vividos com total liberdade, pois está predefinido que o seu prazo será limitado. Muitas pessoas sentem-se mais à vontade para concretizar algumas das suas fantasias sexuais com alguém “desconhecido”, pois não receiam ser julgadas. É isso que torna os “amores de verão” intensos, tórridos, inesquecíveis, mas ao mesmo tempo breves. O limite é a imaginação e criatividade de cada um. Os sonhos podem transformar-se em realidade e tão quentes quanto proibidos!

No entanto, essa liberdade e descontração, muitas vezes associada ao consumo de álcool e drogas, pode levar a uma maior impulsividade para comportamentos sexuais de risco. Isso pode resultar em relações sexuais desprotegidas, aumentando o risco de infeções sexualmente transmissíveis como HIV, sífilis, gonorreia ou clamídia, ou numa gravidez indesejada.

Em algumas situações, o fim das férias pode ser devastador. Estes “amores de verão”, alimentados pelo seu curto prazo de vida, podem criar laços mais fortes do que se desejava inicialmente. O regresso a casa, e a consequente separação com alguém com quem se viveram momentos intensos, pode despedaçar alguns corações.

Finalmente, respondendo à questão “Tolhas, bronzeador e preservativos: o que têm em comum?”, a resposta é simples: “devem fazer parte da mala de viagem”, principalmente quando há intenção de estar sexualmente com outras pessoas!

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