
A mesa do restaurante Inari Comporta faz-se de ingredientes frescos colhidos pelo chef Vítor Sobral depois de uma manhã passada na horta de 1,5 hectares da Quinta Comporta. Foram cinco meses de testes até chegar à ementa agora apresentada. Vítor Sobral assume a consultoria gastronómica do premiado resort localizado no Carvalhal, com o objetivo de levar à mesa o melhor da cozinha de tacho e da portugalidade, desde sempre fio condutor do estilo culinário do conhecido cozinheiro, que tem como montra a Tasca da Esquina, em Lisboa.
Luís Espadana, membro da equipa de Sobral há mais de 30 anos, é o chef executivo. Juntos criaram uma ementa baseada na “terra, no local, em especial no arrozal”, situado frente ao resort. É daí que surge a identidade do restaurante Inari, nome da divindade japonesa que representa prosperidade no cultivo e colheita do arroz.
Nesta primeira ementa do restaurante Inari Comporta presta-se homenagem ao tradicional português, numa “cozinha de conforto, com uma pitada de criatividade, respeitando a natureza e a sazonalidade, e, acima de tudo, buscando nos sabores e saberes locais a inspiração para uma narrativa gastronómica que se alinha com a autenticidade que marca a hospitalidade da Quinta da Comporta”.
“Tudo o que fazemos na Quinta da Comporta tem um propósito: o de contar e preservar a história da Comporta, a cultura e as tradições que moldam o seu estilo de vida.”, afirma o arquiteto e fundador, Miguel Câncio Martins. “É preciso conhecer o legado e admirar a alma deste lugar como simplesmente é, para honrá-lo.” Considera que “o chef Vítor sente esta mesma paixão pela região e por isso é um orgulho tê-lo, e à sua equipa, como parte da nossa família”.
Para Sobral, “este desafio da Quinta da Comporta foi o culminar de um desejo muito pessoal” que confessa teve “desde sempre”, o de “desenvolver um projeto gastronómico nesta região”. “Para além de uma conotação sentimental muito forte, resultante de ligações familiares que tenho na zona, vejo a Quinta da Comporta como o local perfeito para valorizar a gastronomia portuguesa e principalmente o produto local”.
Natural da margem sul do Tejo, foi no Litoral Alentejano que Vítor Sobral enraizou a respetiva matriz de sabores. “Ir à horta preparar uma salada de tomate com coentros é uma cópia daquilo com que cresci e mais cedo ou mais tarde hei de pôr mais areia na engrenagem para termos um galinheiro para ter os ovos”, refere o cozinheiro que recebeu o Prémio Carreira - Boa Cama Boa Mesa, em 2016. Já Miguel Câncio Martins, alinha na ideia e revela que até já tem um desenho “da casa das galinhas”.
O que se prova no Inari?
O chef Vítor Sobral fala da ementa do Inari como representativa da “cultura gastronómica nacional e regional”, que abarca “do mar ao rio, terra, horta do resort, pinhal arrozal, assim como pequenos produtores e fornecedores”, através de uma “seleção de pratos de assinatura, ricos em diversidade, sabor e tradição”. Confessa que não deixa de contemplar “hambúrgueres e massas porque estão num hotel, mas são hambúrgueres e massas especiais”
As novas propostas do experimentam-se com vista para os arrozais, que se estendem diante do restaurante, um edificado de vigas de madeira recuperada com 150 anos para recriar as antigas granjas agrícolas onde o arroz após colhido, debulhado e seco era armazenado. Para o fundador, Miguel Câncio Martins, e para a equipa da Quinta da Comporta, “esta é uma forma de honrar o que torna este lugar singular, partilhando-o numa receita simples: ao sabor do que a natureza nos dá mediante uma descoberta sensorial”.
Provam-se, para começar, o “Ceviche de Robalo” (€17), “que é na realidade um peixe marinado”, diz o chef. Depois o “Tártaro de atum” (€16), os “Bolinhos de arroz” (€8), neste caso originário dos talhões da Comporta, com queijo da ilha e geleia de pimento e a “Tempura da horta” (€14). Um capítulo da ementa dedicado aos “Arrozes da Comporta” como o “Arroz de corvina corada” (€24) ou “Arroz de tomate malandrinho” (€18), com brócolos tostados e burrata de Azeitão.
Nas carnes sugere-se o “Carré de borrego com açorda” (€28) ou a “Bochecha de porco estufada com puré de couve-flor e batata-doce” (€26), tendo em conta que a festa da batata-doce acontece todos os na aldeia do Carvalhal. Já nas sobremesas, surge o “Creme queimado” (€6), um clássico de Vítor Sobral, aqui feito com uma base de arroz-doce, mas não foi esquecido o “Pudim Abade de Priscos” (€8) e o “Praliné de chocolate e avelã” (€12). “Uma ementa minha tem de ter pudim e chocolate”, explica o chef.
Chave de Ouro 2024
Premiado com uma Chave de Ouro, no Guia Boa Cama Boa Mesa 2024, pode ler-se sobre a Quinta da Comporta (Rua Alto do Pina, 2, Carvalhal. Tel. 265112395): “Nasce da vontade do arquiteto Miguel Câncio Martins fazer um hotel que transmitisse as próprias vivências e uma forma de hospitalidade singular. A panorâmica sem fim para o arrozal, a piscina exterior aquecida junto à grande praça pontuada de pérgulas e cadeirões, o branco das areias que compõem os caminhos para passear pela quinta ou mesmo as refeições no pavilhão com madeiras centenárias são algumas das experiências que marcam os hóspedes. O forte compromisso com o arroz – emblema da região – levou ao desenvolvimento de uma linha de cosméticos e velas aromáticas, tendo por base este produto. Aproveite os magníficos tratamentos do Spa, feitos com esta linha de alta cosmética, também disponível nas diversas tipologias dos 73 quartos e suítes, incluindo townhouses e villas, com decoração que remete para as tradições da região”.