“Foi um trabalho apaixonante”, confessa Fortunato da Câmara, autor do livro “O Arroz Português – Um Mundo Gastronómico”, e crítico gastronómico do Expresso. Conta ainda que “demorou cerca de três anos a recolha da informação e a conclusão da obra”, socorrendo-se dos livros de história, mas também da história da cozinha e a investigação de receitas. Mais do que um livro, é um verdadeiro dicionário do arroz, que apresenta ainda três novas variedades, uma das quais, “Caravela” está prestes a chegar ao mercado.
Produzido em Portugal, essencialmente, nas regiões do Mondego, Sado, Sorraia e Tejo, o arroz faz parte da alimentação nacional, sendo produzidas por ano, diz Fortunato da Câmara “cerca de 90 mil toneladas, das quais 80% são para exportação”. Ainda assim, e apesar de Portugal ser o maior consumidor de arroz da Europa, “ainda há um grande desconhecimento do consumidor sobre as variedades de bagos, recaindo a escolha nas cozinhas para o Agulha ou para o Carolino”. E lança ainda o alerta de que “estamos em risco de perder o Carolino, devido à exportação e pela falta de uso”.
Na divulgação do livro “O Arroz Português – Um Mundo Gastronómico”, os CTT dizem que, “além de conter muitas receitas, esta obra é também quase que um “dicionário do arroz”, no sentido de tentar ser uma construção de conhecimentos abrangendo as muitas variedades; o valor nutricional; a sua história; os cultos, culturas e mitos que cresceram em torno do arroz, e evidentemente tentando enquadrar estas variáveis para o caso português. Como divulgadores e utilizadores”.
Fortunato da Câmara relembra também que na história recente de Portugal, “havia mais variedades de arroz até 1986, mas foi-se perdendo o melhoramento genético”. Só em 2004, continua, é que “se decidiu retomar a produção de sementes, para uma menor dependência externa”. Aprimorar uma nova categoria de arroz demora “no mínimo 14 anos, podendo demorar 20 anos a chegar ao mercado”. Esse trabalho já foi desenvolvido com o novo “Caravela", que, diz o crítico gastronómico “além de ser português, foi pensado para resultar em Portugal, sendo resistente a pragas e ao nosso clima. É ideal para cozinhar, fica com um bago rijo, branco e saboroso”. Lança ainda o apelo aos chefs e cozinheiros para que “olhem para as novas variedades, sobretudo para o Caravela, para o divulgarem e assim permitirem que alcance outro patamar na oferta”.
Outra das novidades do livro “O Arroz Português – Um Mundo Gastronómico”, revela Fortunato da Câmara, é apresentar “118 receitas, catalogadas por tipo de arroz, o que é inédito, se bem que a maioria delas usa arroz Carolino”. O livro conta ainda com 13 receitas de Luís Gaspar, chef dos restaurantes Sala de Corte, Brilhante e Pica-Pau, em que são usados 11 bagos diferentes de arroz. Com quase 150 páginas, o livro “O Arroz Português – Um Mundo Gastronómico” (€40) pode ser adquirido em todas as estações dos CTT, na loja online e mediante encomendas ao Gabinete de Filatelia. Paralelamente foi lançada uma emissão exclusiva de selos intitulada “Arroz Português”, que tem como intenção principal despertar curiosidade para ir mais longe à descoberta do mundo do arroz lusitano. A coleção é composta por três selos com valores faciais de €0,65, €0,90 e €1,20, com uma tiragem de 70 mil exemplares cada, e ainda por um bloco filatélico com um selo de €3 e tiragem de 23 mil exemplares.