Em 2025, a Serra d'Ossa ostenta o título de Cidade do Vinho, juntando os municípios alentejanos de Alandroal, Borba, Estremoz, Redondo e Vila Viçosa e o Hotel Convento de São Paulo, localizado na encosta sudeste da Serra d’Ossa, vai ser um dos epicentros desta iniciativa.
No interior do convento pode (e deve) conhecer a maior coleção privada de azulejaria em Portugal, composta por mais de 50 mil azulejos, desenhados pelas melhores oficinas de Lisboa durante os reinados de D. João V e D. José I que fazem deste espaço um hotel-museu. O convento, no entanto, remonta a 1182, erguido por pertencentes à ordem de São Paulo Ermita, preservando ainda diversos traços originais, mas também as magníficas fontes florentinas, terracotas e jardins.
Existe uma visita-guiada mediante marcação prévia. Os proprietários do Convento de São Paulo, a família Leote, detentores da Fundação ali sediada, cuja principal finalidade é preservar a identidade cultural das populações, em particular de Redondo, com vocação especial para as artes, oferece exposições em permanência. Desta forma, tomar o pequeno-almoço enquanto o olhar percorre os quadros nas paredes do convento é sempre uma excelente opção para começar o dia.
Presente e futuro
A história do Hotel Convento de São Paulo, com 27 quartos (a partir de €95) no edifício principal, a que se juntam outros 16 quartos e suítes e ainda um apartamento, oferece ao local um outro estatuto. Inaugurado como unidade de alojamento em 1993 foi o primeiro hotel com classificação de quatro estrelas do Alentejo.
Do passado para o presente, o projeto tem novidades para anunciar, a começar por uma vinha nova. Foi plantada, este ano, entre muros de xisto, dentro do perímetro da propriedade de 600 hectares. “Devemos estar a mais de 400 metros de altitude e a vinha não chega a um hectare”, informa o escanção Fábio Nico, que, em 2012 integrou a equipa do hotel e agora, acumula a gerência do restaurante, O Eremita, com a função de diretor geral de bebidas e comidas.
As videiras estão distribuídas por pequenos socalcos, munidos de um canal de rega, por onde passa a água proveniente da Serra d’Ossa, junto à escadaria central. “Estes muros foram recuperados”, já que remontam ao trabalho da Ordem dos Eremitas de São Paulo, que ergueu este convento do século XII. Trata-se de uma vinha sem armação, onde estão as castas tintas Alicante Bouschet e Tinta Miúda, e a branca Arinto.
“Vamos ver como é que estas castas se comportam no terreno e logo decidimos se é preciso enxertar”, afirma Fábio Nico, que tinha em mente a plantação de variedades de uva típicas do Alentejo, “como a Alfrocheiro e a Moreto, por exemplo”. Com este núcleo vitivinícola, Fábio Nico pretende “mostrar aos hóspedes os processos e os ciclos da vinha, para, quando estiverem à mesa, terem esse conhecimento”. Sobre a vindima de 2025, as uvas terão, provavelmente, a talha como destino, “para abrir no dia de São Martinho do mesmo ano”.
A esta boa nova, junta-se a sala destinada às experiências vínicas. Este espaço, recentemente restaurado, evidencia o material original, utilizado pela ordem religiosa na construção do Convento de São Paulo. Está ao lado da cave de vinhos, no piso abaixo do andar do restaurante e já está destinado para provas e formações vínicas para hóspedes, bem como para jantares temáticos. A lista de sugestões estará, em breve, aberta a quem eleger o Hotel Convento de São Paulo para uma pausa.
O vinho acompanha Fábio Nico até à mesa de O Eremita. Aqui, o diretor geral de comidas e bebidas tem como objetivo elevar a fasquia, sobretudo no espaço de restauração, com novas peças de louça e um “upgrade nos copos de vinho”. À carta de vinhos, composta por cerca de 250 referências do velho e do novo mundo, juntam-se os produtos locais, como o “Javali da Serra d’Ossa” (€19) ou o pão do Redondo, que faz parte do couvert (€4).
Gastronomia regional
Da região, fica o registo dos “Ovos com farinheira” (€7,50), da “Cabeça de xara” (€8,50), proveniente da vizinha Salsicharia Canense e dos “Pezinhos de coentrada”, assim como a “Tábua mista de queijos e enchidos alentejanos” (€18), para iniciar a refeição. “Sopa de cação” (€4), “Porco preto com esparregado e batata Poente Nova” (€18) e “Carré de borrego alentejano em crosta de noz” (€16), fruto seco apanhado das nogueiras da propriedade do Hotel Convento de São Paulo. Por outro lado, consta o “Polvo da costa com puré de batata-doce e cogumelos” (€22).
Nas sobremesas, enaltecem-se a “Sericá com ameixa de Elvas” (€6) e a “Encharcada” (€7). No âmbito das tradições, fala sobre a cocaria ou cozinhar em barro em lume de chão, “com cozidos e feijoada feitos a pedido”. Para os hóspedes que se sentam à mesa de O Eremita, instalado na antiga Capela do Bispo, fica a garantia se apresentarem pratos diferentes, “para evitar repetições”.
Revitalizar a horta, “para colher para o restaurante”, também consta nos planos do diretor geral de bebidas e comida do Hotel Convento de São Paulo (Aldeia da Serra, Redondo. Tel. 266989160), a primeira unidade hoteleira do Alentejo, aberta desde 1993. Um hotel-museu, com uma coleção composta por 50 mil azulejos que remontam aos reinados de D. João V e D. José I e 45 quartos e um apartamento rodeados pelo silêncio da Serra d’Ossa.