
Num 'e-mail' enviado no sábado, marcado com o assunto "o que fez na semana passada?", Elon Musk, nomeado por Donald Trump para liderar uma comissão com a incumbência de cortar nas despesas públicas nos Estados Unidos, disse aos funcionários para resumirem em "cinco pontos" o trabalho feito nos últimos dias, com resposta esperada até segunda-feira à meia-noite.
Com a indicação de tratar-se de uma exigência de Trump, Musk advertiu que a ausência de resposta resultaria em despedimento, como relataram meios locais.
Funcionários do governo esforçaram-se ao longo do fim de semana para interpretar a ordem invulgar, apesar de alguns argumentarem que é ilegal e sindicatos ameaçarem processar Musk.
Democratas e até alguns republicanos criticaram o ultimato, feito poucas horas depois de Trump ter encorajado Musk, nas redes sociais, a "ficar mais agressivo" na redução da dimensão dos serviços do governo.
A rejeição por partes de alguns dirigentes de agências federais, nomeados pelo próprio Donald Trump, marca um novo nível de caos e confusão dentro da administração federal.
O recém-confirmado diretor do FBI, Kash Patel, um aliado declarado de Trump, instruiu os funcionários da agência a ignorarem o pedido de Musk, pelo menos por enquanto.
"O FBI, através do Gabinete do Diretor, é responsável por todos os nossos processos de revisão e conduzirá revisões de acordo com os procedimentos do FBI", escreveu Patel num 'e-mail' confirmado pela agencia Associated Press.
"Quando e se mais informações forem necessárias, coordenaremos as respostas. Por enquanto, por favor, não deem respostas", escreveu.
Em algumas agências havia orientações contraditórias, como no Departamento de Saúde, liderado por Robert F. Kennedy Jr., que instruiu os seus cerca de 80.000 funcionários a cumprir, depois de, pouco antes, o conselheiro geral, Sean Keveney, ter dito a alguns trabalhadores para não o fazerem.
Ed Martin, o procurador interino dos EUA para o Distrito de Columbia, onde se situa a capital, enviou à sua equipe uma mensagem hoje que pode causar mais confusão, pedindo: "por favor, faça um esforço de boa-fé para responder e listar as suas atividades (ou não, como preferir), e eu, assumirei as responsabilidades em relação a qualquer confusão".
Os funcionários dos Departamentos de Estado e os da Defesa foram mais consistentes.
Tibor Nagy, subsecretário de Estado interino, disse aos funcionários, num 'e-mail', que a liderança do departamento responderia em nome dos trabalhadores.
"Nenhum funcionário é obrigado a relatar as suas atividades fora do local", afirmou
A administração Trump começou na semana passada a dispensar milhares de funcionários públicos federais em período experimental e já tinha lançado um plano para incentivar funcionários a se demitirem em troca de um pagamento contínuo até ao fim de setembro.
Mais de 75 mil funcionários públicos federais aceitaram a oferta de demissão, segundo o jornal The Washington Post.
ANP (ER) // VAM
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