Os abandonos dos campos, no distrito de Muidumbe, acontecem desde 03 de março e continuam até hoje, após os camponeses avistarem grupos de homens empunhando catanas, presumíveis insurgentes.

"Foi difícil porque saímos anteontem [sexta-feira], e outros já faz tempo. Há circulação descontrolada de homens empunhando catanas e outros instrumentos", explicou uma fonte, a partir de Muidumbe.

Na sua maioria, estes camponeses estavam no acampamento de Nova Família e Tadavala, nas margens do rio Messalo, no limite com o distrito de Macomia, a cerca de 60 quilómetros da sede de Muidumbe, onde limpavam os campos para a produção de segunda época agrícola e tabaco.

"Nova Família e Tadavala tinha ambiente para produzir, mas esses movimentos desgastam-nos muito", explicou a fonte.

Não há relatos de mortes entre os camponeses, mas os movimentos do grupo, atribuído aos rebeldes que atuam na região, está a semear o medo e pânico nos dois acampamentos.

"Ninguém foi morto, mas os movimentos derste grupo deixam-nos preocupados, por isso saímos e vamos vendo o ambiente", disse outra fonte a partir de Muidumbe.

Desde outubro de 2017, Cabo Delgado, rica em gás, enfrenta uma rebelião armada, que provocou milhares de mortos e uma crise humanitária, com mais de um milhão de pessoas deslocadas.

Só em 2024, pelo menos 349 pessoas morreram em ataques de grupos extremistas islâmicos nessa província, um aumento de 36% face ao ano anterior, segundo dados divulgados recentemente pelo Centro de Estudos Estratégicos de África (ACSS), uma instituição académica do Departamento de Defesa do Governo norte-americano que analisa conflitos em África.

O último grande ataque deu-se em 10 e 11 de maio de 2024, à sede distrital de Macomia, com cerca de uma centena de rebeldes a saquearem a vila, provocando vários mortos e fortes combates com as Forças de Defesa e Segurança de Moçambique e militares ruandeses, que apoiam Moçambique no combate aos ataques armados.

 

RYCE // SB

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