"Queremos também que a Síria faça parte da coligação internacional contra o Estado Islâmico", disse a chefe da diplomacia alemã, durante uma conferência de imprensa em Damasco, referindo-se à aliança liderada pelos Estados Unidos.

Annalena Baerbock esteve hoje na capital síria, visita que coincidiu com a reabertura da embaixada da Alemanha no território sírio, que estava encerrada desde 2012.

Após um encontro com o Presidente interino sírio, Ahmed al-Sharaa, e com o seu homólogo, Assad al-Shaibani, Baerbock assegurou que a Alemanha apoiará a paz na Síria e a sua reconstrução, mas advertiu que "a retoma das atividades de qualquer grupo islâmico não receberá qualquer apoio".

"A Alemanha apoia o povo sírio no seu caminho para a paz. Os primeiros passos para a unificação do país foram dados, e devem ser alcançados passos adicionais em colaboração com todos os setores da sociedade", insistiu a ministra alemã.

Baerbock acrescentou que o processo político deve "incluir todas as componentes, ramos e etnias", mas também sublinhou a necessidade de garantir a participação das mulheres sírias nas instituições e na elaboração da nova Constituição.

A chefe da diplomacia alemã afirmou ainda que Berlim tenciona suspender gradualmente as sanções europeias impostas a Damasco durante a vigência do regime de Bashar al-Assad (deposto em dezembro passado), porque isso permitirá às novas autoridades sírias "reconstruir o país".

Perante perguntas dos jornalistas, Baerbock esclareceu, porém, que o atual Governo alemão "não pode prever o que vai acontecer nos próximos meses", mas garantiu que as sanções não serão levantadas sem compromissos e garantias das novas autoridades em Damasco.

"Queremos saber tudo o que aconteceu", disse a ministra, exigindo "uma investigação verdadeiramente independente" a recentes informações relatadas no território sírio, referindo-se às execuções alegadamente levadas a cabo pelas novas autoridades em Damasco contra a minoria alauita, durante uma vaga de violência que afetou as províncias costeiras da Síria no início de março.

Baerbock frisou que a Alemanha e os outros Estados-membros da União Europeia não querem que "a Síria volte a cair na armadilha da guerra civil", mas sim que os sírios evoluam no seu próprio caminho em direção ao futuro.

A chefe da diplomacia alemã denunciou ainda os ataques de agentes internos e externos que procuram desestabilizar a Síria, mencionando grupos leais a Al-Assad, ao Irão e ao Hezbollah.

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