A Alemanha está a esforçar-se para evitar um derrame no mar Báltico de um petroleiro à deriva, que diz pertencer à chamada "frota sombra" que a Rússia usa para evadir sanções internacionais.

O petroleiro "Eventin", com 99 mil toneladas de petróleo a bordo, está em perigo e teve uma falha no motor após um corte de energia na madrugada de sexta-feira, de acordo com o centro de comando de emergência marítima da Alemanha.

O navio de 274 metros de comprimento, que navega sob a bandeira do Panamá, andou à deriva durante algum tempo "a baixa velocidade, sem condições de manobra, nas águas costeiras do Mar Báltico, a norte de Rügen", uma ilha na costa norte da Alemanha, esclareceu o comando.

Três rebocadores enviados para o local conseguiram estabelecer contacto com o navio, que estão a tentar afastar da costa, empurrando-o para nordeste, informou a autoridade naval alemã, num comunicado divulgado esta madrugada. O comando informou que tomou esta "medida de segurança" porque o vento, com força de cinco a seis na escala de Beaufort (cujo nível máximo é 12), tinha virado para norte e ameaçava empurrar o navio em direção à costa, com ondas de "cerca de 2,5 metros de altura".

Na sua deriva, o "Eventin" chegou a estar a apenas 14 quilómetros da ilha turística de Rügen. A área visada, a nordeste do cabo Arkona, é "mais segura" porque há "mais espaço marítimo" a separá-la da costa, referiram as autoridades.

Os navios levarão cerca de oito horas para percorrer os cerca de 25 quilómetros até à área-alvo, que poderá ser alcançada a meio da manhã de hoje, acrescentaram.

Para ajudar no reboque, um helicóptero da polícia alemã colocou quatro especialistas no "Eventin", que também forneceram rádios e lanternas aos 24 tripulantes, "uma vez que o navio continua sem eletricidade". Os quatro especialistas passaram cerca de três horas no navio antes de serem trazidos de volta para a costa.

A Alemanha diz que o navio pertence à chamada "frota sombra" russa, composta por centenas de navios-tanque envelhecidos que se esquivam às sanções para manter as receitas do petróleo a fluir para o orçamento de Estado russo. As sanções foram impostas após a invasão em grande escala da Ucrânia pela Rússia, em fevereiro de 2022.

A ministra dos Negócios Estrangeiros, Annalena Baerbock, acusou a Rússia numa declaração de "pôr em risco" a segurança europeia "não só com a sua guerra de agressão contra a Ucrânia (...) mas também com petroleiros degradados". "Ao utilizar uma frota de petroleiros enferrujados de forma nefasta, [o Presidente russo Vladimir] Putin não só contorna as sanções, como também aceita o facto de que o turismo no Mar Báltico será paralisado" no caso de um desastre ecológico, lamentou Baerbock.

A organização ambiental Greenpeace já tinha sido sinalizado o "Eventin", que tinha como destino o Egito, como "particularmente perigoso", devido a "defeitos técnicos".