Estamos a aproximar-nos das eleições autárquicas, acontecerão logo a seguir ao verão. O Frederico está no seu segundo mandato. Vai candidatar-se de novo?
Sim, vou. Eu sou apaixonado pelo que faço. Sou mesmo. E tenho uma equipa extraordinária — não sou eu, somos nós que fazemos; o bom e o mau é fruto do trabalho de uma equipa muito grande, que dá o seu melhor todos os dias. E não fazia sentido que não fosse assim. Eu sou mesmo apaixonado pelo que faço, adoro a minha terra e esta foi a primeira experiência que tive na política. As dores de cabeça, os problemas, quando corre bem, mas também quando corre mal, estarmos presentes é importante. E é importante o suficiente para entender que, qualquer que seja a escolha das pessoas, é uma escolha certa. Este é a beleza da democracia. A vantagem que eu acho que posso ter é que hoje as pessoas já sabem o que eu vou: obras, investimento. Mas é é um desafio enorme, que sigo com uma equipa que eu adoro, por algo que eu faço de paixão. Por isso não fazia sentido dizer que não.
Um dia eu vou deixar de estar como presidente da Câmara, mas nunca vou deixar de ser do Barreiro. Sou Barreirense e vou continuar a ser.
As pessoas falam muito consigo na rua, abordam-no com questões, queixas...?
Sim, e hoje com as redes sociais mandam-me mensagens a toda a hora. E eu respondo a todos, eu é que trato das minhas redes sociais todas.
É o próprio Frederico que está do outro lado?
Sim, sim. Se eu mandasse uma mensagem ao presidente, gostava que ele me respondesse, nem que fosse para dizer que não conseguia. Então, se eu gostava que tivessem esse cuidado, tenho de o fazer. E as pessoas como sabem que eu respondo, mandam mais, e ainda bem, é sinal que se interessam. E recebo de tudo, pessoas com críticas, pessoas a dizer "força!", pessoas a perguntar quando é que determinada obra chega à sua rua... Também regressar a esta paixão pela terra, quererem mais para o sítio onde vivem, é importante, as pessoas serem exigentes. Especialmente quem está nestes papéis, em que há relações muito próximas — as autarquias, os presidentes de junta —, tem de saber viver numa cultura de exigência. Eu quero que as pessoas exiam muito de mim, para me obrigar, a mim e à equipa, a superar-nos naquilo que conseguimos fazer e para, quando não conseguimos, ter a abertura suficiente para dizer que agora não é possível. Mas na maioria do tempo, mesmo as críticas, são feitas com carinho. O carinho que eu sinto é extraordinário; e tento também retribuir, até porque esta também é a minha terra. Um dia eu vou deixar de estar como presidente da Câmara, mas nunca vou deixar de ser do Barreiro. Sou Barreirense e vou continuar a ser. É o sítio onde nasci, onde cresci, onde vivo, onde o meu filho vive e anda na escola.
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E que prioridades leva para este último mandato (visto que, por lei, não pode ficar além de 12 anos)?
É muito aquilo de que falámos nesta entrevista. A questão da habitação, com foco no arrendamento acessível — não que a habitação social não seja importante, e foi no mandato anterior, mas agora estou muito focado no arrendamento acessível —; as escolas, os cuidados de saúde primários e muita requalificação urbana. Há aqui um desafio também que vai ser importante, que é o aproximar muito e voltar a cidade cada vez mais para o rio. Há uma grande âncora que é a recuperação da antiga estação de comboios do Barreiro, que será um grande ponto de atração. Entre estas áreas todas, então, foco no arrendamento acessível e na requalificação urbana, para que se possa ter áreas de coesão que passam muito por um espaço de lazer, de aproximação ao rio e mobilidade. Nós ganhámos agora um fundo comunitário que nos permitirá adquirir mais 40 autocarros, todos elétricos, o que nos fará chegar aos 100. Vamos ter uma comunidade muito maior e isto tem de ser sinónimo de qualidade de vida. Por isso, o planeamento para os desafios que aí vêm e como é que a cidade vai acomodar estas infraestruturas, é fundamental que seja feito desde já.
É preciso começar já a antecipar o que será a cidade com uma terceira travessia?
Sim. E dou um exemplo muito simples: nós sabemos que se essas infraestruturas forem feitas essencialmente por viadutos vão criar-se muitas zonas que podem ser guetizadas. Nós defendemos, por isso e porque há uma inserção numa frente de rio, que isso possa ser feito por túnel. Para garantir o espaço para a cidade, para garantir o usufruto e que naquela frente de rio de repente não temos aqueles viadutos todos enormes, que, como se sabe, têm tendência para gerar zonas mais problemáticas em baixo. E este é o período do planeamento, é a altura fundamental para decidir e que pode fazer a diferença. E acho que é quase um dever de honra para com as gerações barreirenses futuras. Podemos fazer isto bem. Com último ou sem último mandato, esta vai ser sempre a minha cidade e eu quero viver na melhor cidade possível.
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