
As mais de 300 lojas, 60 restaurantes, 8 salas de cinema e um IMAX eram não apenas absolutamente inovadoras como constituíam aquele que, à época, se definia como o maior centro comercial da Península Ibérica. Obra ambiciosa de Belmiro de Azevedo e um passo de gigante para a Sonae Sierra (que então já contava no seu portefólio com o CascaiShopping, GaiaShopping, CoimbraShopping, Guimarães Shopping e Via Catarina, inaugurados quase ao rácio de um por ano), o Colombo era a grande aposta do grupo no centro de Lisboa, tornando-se desde o primeiro momento num dos centros comerciais mais importantes de Portugal, pela dimensão e localização estratégica, infraestrutura moderna e variedade de serviços — dispõe, por exemplo, de especificidades como uma app para guardar a localização do carro, local para deixar bicicletas e trotinetes, espaços de trabalho individuais e insonorizados, um playground dedicado às crianças e até uma Bowling City.
A sua construção custou 70 milhões de contos. Para quem não conviveu com a moeda antiga, seriam cerca de 350 milhões de euros, na longínqua década de 90 (sem ajuste à inflação).
Aprovada a construção ainda em 1988, com Krus Abecasis a liderar a Câmara de Lisboa, o autarca que se lhe seguiu viria a embargar a obra até 1992, quando se cumpriram as vontades do novo presidente da câmara. Quem era? Jorge Sampaio, o mesmo que, então já Presidente da República, viria a marcar presença de destaque na inauguração do Colombo, ao lado do seu sucessor na autarquia, João Soares.
Veja aqui o vídeo da inauguração, na reportagem feita pela RTP
Mas a visão do empresário do norte para o que considerava "um sucesso europeu" ia ainda mais além: além do shopping, o projeto de Belmiro de Azevedo previa já a construção das duas torres laterais que se tornaram na casa de grande número de empresas (a Oriente foi inaugurada em março de 2009, a Ocidente em fevereiro de 2011, vencidos os sucessivos embargos da CML), estando atualmente em curso a concretização da terceira fase do projeto de escritórios, num investimento de 100 milhões de euros. Só o centro comercial, nos primeiros dez anos de vida, conseguira já captar 313 milhões de visitantes, somando compras de 4200 milhões de euros.
A influência de Belmiro de Azevedo
Belmiro de Azevedo, empresário português e líder do grupo Sonae, teve um papel fundamental na construção do Centro Comercial Colombo. O empresário acreditava no potencial do retalho moderno e foi um dos pioneiros na implementação de grandes centros comerciais em Portugal. Sob a sua liderança, a Sonae Sierra tornou-se uma referência na construção e gestão de centros comerciais e o Colombo foi um dos maiores projetos da empresa na época, consolidando o conceito de centros comerciais de grande escala no país.

Além de ser um dos impulsionadores do projeto, Belmiro de Azevedo ajudou a definir o modelo de negócio e a estratégia de crescimento do Colombo, garantindo que se tornasse um dos principais polos comerciais da Península Ibérica.
A construção da terceira torre
O Centro está atualmente em expansão com a construção de uma terceira torre de escritórios, a Torre Norte. Este novo edifício vai ter nove pisos e uma área total de 35.000 metros quadrados tendo a construção arrancado em setembro de 2022, com conclusão prevista para o final de 2025.
Este será o terceiro edifício a ser adicionado ao complexo de uso misto do Colombo, que já conta com duas torres, e o projeto visa oferecer espaços de escritórios de última geração, com ênfase na flexibilidade, inovação e sustentabilidade. Com a adição desta nova torre de escritórios, o Centro consolida-se como um importante polo comercial e empresarial em Lisboa.
No âmbito dos 30 anos do SAPO, falámos com Paulo Gomes, diretor do Colombo, sobre este projeto que surgiu para “responder à carência que existia, à data, de um espaço comercial diferenciador, moderno e de grandes dimensões, em Lisboa”. Sobre o futuro, diz-nos o diretor, passará por “reforçar a componente de lazer e de cultura e trazer novas iniciativas ao Colombo que aportem valor à comunidade artística, ao meio envolvente e a todos os visitantes”.
Como começou a ideia deste projeto do Colombo?
O projeto do Centro Colombo é ambicioso, desde o primeiro dia. Tirando partido de uma localização privilegiada, este veio responder à carência que existia, à data, de um espaço comercial diferenciador, moderno e de grandes dimensões, em Lisboa. Neste sentido, foi concebido para ser um marco na cidade, tornando-se, o maior centro comercial da Península Ibérica e continuando com um lugar de destaque no panorama atual.

E de onde vem o nome “Colombo”?
Recuando até à fase de planeamento e construção, temos também todo um contexto que deu origem do nome. Um facto curioso é que tinha saído, nessa altura, uma tese de que Cristóvão Colombo era português, filho bastardo de D. João II introduzido como espião na corte espanhola para entretê-los, enquanto os portugueses descobriam o caminho marítimo para a Índia, mas também – e sobretudo – a inauguração do Centro estava prevista para 1992, que era “o ano de Colombo”. A combinação destes factos fez com que surgisse a ideia de adotar esse nome incontornável, tornando-se também no ponto de partida para a escolha do tema que guiaria todo o projeto arquitetónico e o design do espaço: os Descobrimentos e uma série de elementos que nos transportam para a circum-navegação.
Assim, com uma vasta equipa envolvida e com a ajuda da Comissão dos Descobrimentos e da sua documentação, começou a ser traçado um projeto que transportasse os visitantes para este “mundo”.
Já do ponto de vista comercial e de lazer, o objetivo passava por garantir uma oferta ímpar no país, onde, num único espaço, se queria reunir centenas de lojas, cinema, um parque de diversões, ginásio, além de uma capacidade de estacionamento que ultrapassava os 6 mil lugares, trazendo ainda mais comodidade a cada visita.
Por isso, a ideia inicial foi, sem dúvida, concretizada, permitindo posicionar o Colombo como um dos maiores centros comerciais da Europa. O impacto do projeto era de tal ordem relevante, que contamos com a presença do Presidente da República, Jorge Sampaio, no momento da inauguração.

No dia em que começaram as construções, sentiram que ia ser um megaprojeto como é hoje?
Havia uma clara perceção de que o Colombo seria um projeto de grande dimensão. Este era o objetivo. Não só por toda a área que ocupa e pelo seu conceito, mas por toda a novidade, conveniência e diversidade de lojas que oferecia – e tem vindo a ser renovado, até aos dias de hoje. O local estratégico, a visão inovadora e a escala da construção já indicavam que este seria, sem dúvida, um megaprojeto, tal como o conhecemos e que tem vindo a ser reconhecido continuamente, ao longo dos anos. É um trajeto que temos feito de forma dinâmica e evolutiva, acompanhando as mudanças da sociedade e as exigências do mercado. Investimos continuamente na diversificação do mix de lojas, tornamo-nos uma house of brands, apresentamos serviços inovadores, somos palco para vários projetos culturais e de lazer, e primamos pela inovação.
Nestes 30 anos, há orgulho no Centro Comercial Colombo?
Sem dúvida. O Colombo consolidou a sua reputação e tem um percurso do qual nos orgulhamos. Por um lado, as características do espaço e o seu posicionamento são reconhecidas por grandes marcas nacionais e internacionais, que nos escolhem para se expandirem e que, aqui, veem o seu negócio crescer. Alguns exemplos recentes, apenas do último ano, são a Pret A Manger, a New Balance e a The North Face, mas também várias atualizações de conceitos, desde a FNAC, passando pela Massimo Dutti ou Zara.

Por outro, conseguimos dar resposta às necessidades dos visitantes, que contam com um dinamismo realmente interessante, do ponto de vista de lojas, mas também de serviços e iniciativas culturais e de lazer. Os eventos promovidos ao longo dos anos são parte fundamental da nossa missão, pois a gestão do Centro está assente numa visão 360º, em que nos assumimos como um espaço de compras, mas também de lazer, onde é possível viver experiências diferenciadoras. Um exemplo marcante é “A Arte Chegou ao Colombo”, um projeto pioneiro lançado em 2011 para aproximar o público da cultura, trazendo exposições icónicas como “Leonardo da Vinci – Experiência de Arte Imersiva”, “100 Anos de Nadir Afonso” e “Carry Me: 100 anos de Malas”, tendo ainda um prémio associado, em paralelo, dedicado a artistas emergentes. Além de muitas iniciativas para todos os públicos, que reforçam o Colombo como um espaço dinâmico e inovador.
E no que respeita ao digital e à tecnologia?
É também com orgulho que temos dado novos passos. O Colombo foi pioneiro no lançamento do Digital Mall, que inclui uma app de benefícios exclusivos, um novo posicionamento nas redes sociais e funcionalidades inovadoras, além de integrar soluções digitais de conveniência, como o pagamento automático do parque e a informação em tempo real sobre lugares disponíveis, que garantem uma experiência cada vez mais fluida e personalizada, mesmo antes da chegada ao centro comercial.
Uma demonstração clara de que continuamos no caminho certo e que reforça o nosso sentimento de satisfação é que este ano fomos reconhecidos pelos portugueses como o centro comercial com melhor reputação do país, segundo o estudo RepScore. Junta-se a esta o facto de sermos eleitos “Marca de Confiança” do consumidor, ano após ano, desde que a categoria em que o Colombo se insere foi criada pela revista Seleções do Reader’s Digest.

Pensando no futuro, como pretendem que seja o Colombo nos próximos anos?
O futuro do Colombo passa por uma aposta contínua na inovação, na tecnologia e na sustentabilidade. Vamos, sem dúvida, manter a oferta de excelência, parcerias estratégicas com marcas e a forte ligação com os visitantes. Em paralelo, o digital tem um papel essencial nesta evolução e a omnicanalidade é e será cada vez mais um objetivo, permitindo complementar e acompanhar toda a jornada de compras e visita, antecipando necessidades e simplificando processos.
No futuro, vamos querer reforçar a componente de lazer e de Cultura e trazer novas iniciativas ao Colombo que aportem valor à comunidade artística, ao meio envolvente e a todos os que nos visitam. Continuaremos a evoluir, mantendo-nos como um espaço de referência, em Lisboa, para todos aqueles que procuram uma experiência completa de compras e lazer.
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