"Embora a ANBP acredite na boa-fé das negociações, fica claro que, caso o Governo não demonstre abertura para dialogar e reiniciar o processo negocial que suspendeu, serão tomadas medidas públicas e reivindicativas", lê-se nas conclusões do conselho geral de hoje.
O dia 20 de dezembro coincide com a "data da última reunião negocial, que estava agendada anteriormente entre os sindicatos e o Governo", recorda a ANBP.
"Se, entretanto, não houver avanços no processo negocial, a ANBP vai definir novas ações de luta", refere ainda.
A reunião de hoje foi agendada na sequência da suspensão das negociações, decretada na terça-feira pelo Governo, depois de uma manifestação não autorizada de bombeiros sapadores ter utilizado petardos numa ação de protesto junto ao edifício-sede do executivo.
O presidente da ANBP, Fernando Curto, recordou que há "uma revolta natural nos bombeiros" pela falta de resposta do Governo.
"Tenho para mim que o Governo sabe que os sindicatos têm razão na maior parte das propostas que estamos a apresentar", afirmou Fernando Curto, mostrando-se convicto de um regresso à mesa negocial.
"Não acredito [no fim do processo], porque acho que o Governo tem obrigação de reiniciar as negociações", afirmou, embora ameace com posições mais enérgicas.
"Se as coisas não correrem bem, o Governo não estará à espera que a gente passe o Natal descansados", avisou, prometendo uma reunião de todos os bombeiros sapadores após o conselho geral de 20 de dezembro e o agendamento de ações de luta, "sempre no que é razoável" e no respeito da lei.
Mas "iremos fazer valer as reivindicações para a população saber as dificuldades porque passamos", salientou.
Por seu turno, Sérgio Carvalho, presidente do Sindicato Nacional dos Bombeiros Profissionais (SNBP), recordou que há o calendário negocial previa uma reunião para o dia 13 de dezembro e outra para o dia 20.
"Esperamos que estas reuniões se mantenham" e, no dia 20, "iremos fazer uma avaliação da situação", explicou o dirigente sindical, que criticou a atitude dos vários governos em relação aos sapadores.
Em 2002, o executivo introduziu no vencimento base todos os suplementos, incluindo o de risco que agora é reclamado pelos sindicatos, e, em 2019, alargou unilateralmente a idade de reforma, sempre sem acordo com os sindicatos.
"Os bombeiros sapadores têm uma grande noção de justiça e de lealdade e é por isso que hoje se sentem injustiçados", afirmou, justificando o uso de petardos na manifestação de terça-feira.
"Os sindicatos têm feito tudo para que o processo decorra com normalidade", mas "quem tem de responder às nossas propostas é o Governo", disse.
As concentrações de bombeiros para os locais das reuniões negociais têm sido feitas "à margem dos sindicatos", mas são "ações legítimas", tendo em conta o esquecimento a que estão votados, afirmou Sérgio Carvalho, que manifestou abertura em continuar a negociar depois deste mês, desde que o Governo cumpra a promessa de que qualquer decisão tenha retroativos a 1 de janeiro de 2025.
No dia 20, "o que está em cima da mesa são todas as formas de luta e nessa altura será discutida a forma adequada", acrescentou.
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