"Temos que mostrar a Portugal que Cabo Verde tem vantagens competitivas elevadas e tem condições excecionais para atrair empresas portuguesas", afirmou o presidente da Câmara de Comércio de Sotavento cabo-verdiano, um dos oradores no fórum, Marcos Rodrigues.
A maior parte dos portugueses "tem uma noção de Cabo Verde apenas pela sua dimensão de mercado, o que não corresponde à realidade", dado que o arquipélago "está inserido num espaço económico bastante amplo, com elevada potencialidade, onde é possível fazer negócios em toda a CEDEAO [Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental]".
O fórum económico de alto nível a par da cimeira bilateral entre Portugal e Cabo Verde decorrerá na terça-feira com o objetivo de reforçar as relações económicas entre os dois países.
Neste contexto, o presidente da Câmara de Comércio de Sotavento referiu que, no diálogo com os empresários, será evidenciado que "o mercado cabo-verdiano é muitíssimo maior do que aquilo que aparenta pela sua dimensão territorial e pode captar grandes investimentos".
"Nós não podemos ficar limitados apenas ao turismo e à energia. Há muito mais espaço para outras áreas de negócios", apontou.
A título de exemplo, disse que existem grandes oportunidades de investimento na construção civil, setor que pode ser explorado no mercado da CEDEAO, com Cabo Verde a servir como ponto de ligação diário com essa região.
"Podem estabelecer a sua sede aqui e operar em condições de igualdade nesses mercados, alcançando resultados bastante interessantes", acrescentou.
O setor mecânico, nomeadamente o transporte de peças, é outro dos temas que será debatido, a par de outros na área financeira.
"O nosso discurso tem sido demasiado centrado no mercado interno cabo-verdiano. Temos de mostrar que a nossa entrada na CEDEAO não foi apenas uma formalidade, mas sim uma oportunidade para potenciar negócios", defendeu.
"É nossa missão esclarecer e mostrar que vale a pena investir em Cabo Verde. Temos exemplos, na Europa, de países pequenos, mas altamente prósperos, como o Luxemburgo, os Países Baixos ou a Suíça, que concentraram as suas políticas de desenvolvimento em áreas específicas e deram tudo para que essas áreas se desenvolvessem, antes de apostarem noutros setores", referiu.
Rodrigues apontou a importância de fortalecer a cooperação entre os setores públicos e privado, uma área em que Portugal já possui uma experiência considerável.
O objetivo é atrair mais investimentos portugueses, ultrapassando a atual predominância de micro e pequenas empresas, e fomentar iniciativas em setores de maior escala.
O impacto da inteligência artificial nos modelos de negócios será outro dos temas centrais no fórum.
"Vamos apresentar uma nova perspetiva sobre a inteligência artificial e os modelos que a seguirão. Estamos a falar da introdução de um sistema disruptivo que coloca as empresas tecnológicas globais, que pensavam ter alcançado estabilidade, perante uma nova realidade, com novos desafios no desenvolvimento e no trabalho no mercado tecnológico", explicou.
A ideia é que tanto Portugal como Cabo Verde apostem "seriamente" na estruturação e implementação de modelos tecnológicos, desenvolvidos ao longo da última década, que agora enfrentam transformações profundas".
O fórum económico é coorganizado pela Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal (AICEP) e pela Agência Cabo-verdiana de Investimentos e Exportação e contará com as presenças dos líderes de Governo dos dois países, no encerramento, além das intervenções de vários governantes.
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