Gonzalo Boye, advogado do ex-presidente do partido Generalitat Carles Puigdemont afirmou hoje que "tudo correu" como planeado durante a visita deste, na quinta-feira, a Barcelona (nordeste de Espanha).

"[Puigdemont] não veio render-se, veio para lutar", disse Boye, aludindo à participação do ex-presidente da Generalitat num evento em Barcelona, após o qual fugiu apesar da forte presença policial.

Puigdemont, que quinta-feira fez um discurso de cerca de cinco minutos diante de cerca de 3.500 pessoas no Paseo Lluís Companys, em Barcelona, a poucos metros do Parlamento, onde seria realizada sessão de investidura do socialista Salvador Illa como presidente do Governo Regional, planeia dirigir-se novamente aos seus seguidores entre hoje e sábado, disse Boye.

Segundo Boie, "tudo correu como Puigdemont tinha planeado anteriormente", já que "ele não tencionava ser preso".

O advogado de Puigdemont afirmou que o ex-presidente "sempre esteve à disposição da justiça", mas que "está a ser perseguido por factos que são amnistiados por uma lei que um juiz não quer aplicar".

Neste sentido, sustentou que o ex-presidente catalão é "livre" e manifestou a opinião de que a amnistia acabará por ser aplicada a Puigdemont "mais cedo ou mais tarde".

Puigdemont, antigo presidente do Governo Regional da Catalunha e protagonista da declaração unilateral de independência da região de 2017, vive no estrangeiro desde então, para fugir à justiça espanhola, e continua a ser alvo de um mandado de detenção em território nacional.

Eleito deputado nas eleições catalãs de 12 de maio, Puigdemont tinha anunciado que estaria na sessão parlamentar de quinta-feira, convocada para investir o socialista Salvador Illa presidente do Governo Regional, mas o plenário decorreu sem a sua presença.

A polícia tinha montado um perímetro de segurança em redor do parlamento, com uma barreira policial que Puigdemont teria de cruzar para aceder ao edifício, mas nunca chegou a esse local, onde se esperava que fosse detido.

Os Mossos d'Esquadra acionaram depois a "operação Jaula", um dispositivo de segurança, com controlo de estradas, para tentar localizá-lo, mas sem sucesso.

A polícia da Catalunha garantiu, num comunicado, que tentou deter o dirigente independentista nas ruas de Barcelona mas não conseguiu porque a prioridade foi evitar distúrbios, sublinhando que o político esteve sempre rodeado por milhares de pessoas e autoridades.

Face às críticas de que está a ser alvo, a polícia catalã nega também qualquer "acordo ou conversação prévios" com Puigdemont.

A força de segurança assegura que ativou um dispositivo considerado proporcional para evitar desordens públicas, atendendo ao anunciado regresso de Puigdemont a Espanha, mas também, em simultâneo, para garantir a segurança e a normalidade da sessão de investidura do novo presidente do Governo Regional no parlamento autonómico.