"Estamos a falar de cerca de 22 mil pessoas que estão sitiadas. Essas pessoas estão em lugares seguros, mas só não podem atravessar para vir à cidade fazer as suas atividades, não podem se deslocar porque as vias estão interrompidas por causa da água e também o nível do caudal [do rio Limpopo] subiu", disse aos jornalistas Sérgio Moiane, administrador do distrito de Chibuto.

As 22 mil pessoas estão isoladas há 48 horas devido à subida do caudal do rio Limpopo, na sequência de chuvas que caem na região e de descargas feitas em barragens da África do Sul e Zimbábue, países vizinhos de Moçambique, de acordo com as autoridades.

Segundo Teixeira Almeida, delegado do Instituto Nacional de Gestão e Redução do Risco de Desastres (INGD) em Gaza, a "situação está controlada" e as famílias estão em locais seguros no distrito de Chibuto, esperando-se que em menos de três dias o nível das águas baixe.

"O nível de escoamento é rápido porque os lençóis ainda não estão saturados, só a próxima situação é que poderá ser grave, é o que tememos (...). [Entretanto] olhando para os próximos cinco, seis dias, não teremos problemas de precipitação assim muito elevada", disse à Lusa o responsável.

O delegado avançou ainda que foram constituídas equipas multissetoriais na província que deverão deslocar-se ao terreno na segunda-feira para fazer o "levantamento exaustivo" dos impactos das inundações.

"Estamos a monitorizar a situação e se houver a necessidade de se resgatar, temos equipamentos", acrescentou o delegado, referindo ainda que foram alocados barcos para o Chibuto e também para os distritos de Guijá, Limpopo, Chicualacuala, Chókwe e Mapai, também afetados.

Moçambique está em plena época chuvosa que decorre entre outubro e abril, período em que foram já registados os ciclones Chido e Dikeledi, que afetaram o norte do país.

Em 13 de janeiro, o ciclone tropical severo Dikeledi atingiu Moçambique causando pelo menos 11 mortos e afetando outras 250 mil pessoas, segundo o mais recente balanço oficial das autoridades moçambicanas.

O ciclone Chido, que atingiu Moçambique em 14 de dezembro, causou a morte de pelo menos 120 pessoas e afetou outras 450 mil.

Moçambique é considerado um dos países mais severamente afetados pelas alterações climáticas no mundo, enfrentando ciclicamente cheias e ciclones tropicais durante a época chuvosa.

LN // VM

Lusa/Fim