"A Áustria tem sido e continuará a ser um parceiro forte e fiável na União Europeia. As condições prévias para um futuro governo foram definidas muito claramente (...): Estado de Direito, separação de poderes, proteção das minorias, direitos e liberdades fundamentais, imprensa independente e Direito internacional", afirmou Schallenberg, do conservador Partido Popular Austríaco (ÖVP), que aceitou negociar uma coligação com o FPÖ (extrema-direita).
"Nenhum destes pontos é negociável", acrescentou o chanceler interino, que fez uma declaração à imprensa sem perguntas juntamente com o presidente do Conselho Europeu, António Costa, durante a sua visita a Bruxelas.
Schallenberg, que sublinhou ter-se deslocando explicitamente à capital da UE no seu primeiro dia completo de mandato, teve hoje reuniões com a presidente do Parlamento Europeu, Roberta Metsola, e com a alta representante da UE para a Política Externa, Kaja Kallas.
Durante o fim de semana, falou também por telefone com a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, que permanece em casa, em Hanôver (Alemanha), a recuperar de uma pneumonia grave.
Em declarações à imprensa, sem responder a perguntas, Schallenberg insistiu que a Áustria é "uma democracia forte e vibrante", algo que "não vai mudar", e apelou à confiança "nos processos democráticos dos Estados-membros e na força das instituições austríacas e europeias".
"Farei tudo o que estiver ao meu alcance para avançar nessa direção", afirmou o chanceler, que já disse que não faria parte de um eventual governo liderado pelo Partido da Liberdade da Áustria (FPÖ).
O líder do Conselho Europeu, António Costa, sublinhou que a responsabilidade da União Europeia é "respeitar as decisões soberanas tomadas pelos cidadãos" e trabalhar com todos os Estados-membros.
"A Áustria tem sido um Estado-Membro europeu muito empenhado e estou certo e espero que continue a sê-lo. Já ouvi o compromisso europeu claro do Presidente [Alexander] Van der Bellen e hoje o chanceler Schallenberg reiterou-o e disse-me que a Áustria continuará a ser um parceiro fiável na União Europeia", afirmou o ex-primeiro-ministro português.
Schallenberg assumiu o cargo de chanceler federal interino na sexta-feira, na sequência da demissão do democrata-cristão Karl Nehammer, na semana passada, depois de ter falhado a sua tentativa de formar um executivo em conjunto com os sociais-democratas e os liberais para afastar o FPÖ do poder.
O Partido Popular (ÖVP) e o Partido da Liberdade (FPÖ) acabam de iniciar negociações para formar uma coligação. O FPÖ ficou em primeiro lugar nas eleições de 29 de setembro, com 28,8% dos votos, à frente do ÖVP, com 26,3%.
A Áustria está a atravessar uma crise política, acompanhada de protestos da sociedade civil, desde que o ÖVP abandonou as negociações com o Partido Social Democrata (SPÖ) e, contrariamente à sua promessa pré-eleitoral, se sentou para negociar com a extrema-direita a formação de um novo governo de coligação.
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