Pelo menos quatro pessoas morreram e outras 37 ficaram feridas na sequência da passagem do ciclone Chido nas províncias de Cabo Delgado e Nampula, em Moçambique, anunciaram organizações no terreno.
Do total de mortes, três foram registadas em Cabo Delgado e uma em Nampula, no norte de Moçambique, esta última reportada, no domingo, pela Organização Não-Governamental (ONG) ActionAid.
"No Hospital de Pemba, os profissionais de saúde registaram 37 feridos, três mortes (uma criança devido à queda de um muro)", lê-se num balanço do Fundo das Nações Unidas para Infância (Unicef, na sigla em inglês), a que a Lusa teve esta segunda-feira acesso.
No documento, o Unicef relata ainda a destruição de barcos, telhados e queda de árvores.
"Caiu uma árvore em cima do nosso escritório e causou apenas danos na estrutura do edifício, não perdemos, felizmente, nada, nem computadores, nem arquivos (...), mas a cobertura do edifício ruiu por causa da queda dessa árvore", disse à Lusa o coordenador da Organização Não-Governamental para o Desenvolvimento (ONGD) portuguesa Helpo, Carlos Almeida, falando do seu escritório situado em Cabo Delgado.
Segundo Carlos Almeida, as pessoas em Pemba estavam "muito assustadas", havendo ainda algumas infraestruturas destruídas, entre as quais hotéis, sobretudo as que estavam junto à costa.
O ciclone tropical intenso Chido, de escala 3 (1 a 5), atingiu a zona costeira do norte de Moçambique na noite de sábado para domingo, segundo o Centro Nacional Operativo de Emergência (CNOE).
O mesmo serviço indicou que o ciclone enfraqueceu para tempestade tropical severa, mas que continua a fustigar aquelas duas províncias do norte, com "chuvas muito fortes acima de 250 mm [milímetros]/24 horas, acompanhada de trovoadas e ventos com rajadas muito fortes".
"Este cenário apresenta elevado risco de inundações urbanas e erosão nas cidades de Pemba, Nacala e Lichinga, assim como em áreas baixas e ribeirinhas das bacias dos rios Muaguide, Megaruma, Lúrio", refere a informação do CNOE, consultada pela Lusa.
Cerca de 200 mil clientes ficaram sem eletricidade em Nampula e Cabo Delgado devido aos efeitos da passagem do ciclone Chido, divulgou, no domingo, a Eletricidade de Moçambique (EDM) e pelo menos três voos com destino à região norte foram, no mesmo dia, cancelados pela companhia aérea Linhas Aéreas de Moçambique (LAM).
Moçambique enfrenta cheias e ciclones tropicais durante a época das chuvas
As autoridades moçambicanas já tinha admitido na quinta-feira que cerca de 2,5 milhões de pessoas poderiam ser afetadas pelo ciclone Chido nas províncias de Nampula, Cabo Delgado e Niassa, no norte, e na Zambézia e Tete, no centro.
Moçambique é considerado um dos países mais severamente afetados pelas alterações climáticas no mundo, enfrentando ciclicamente cheias e ciclones tropicais durante a época chuvosa, que decorre entre outubro e abril.
O período chuvoso de 2018/2019 foi dos mais severos de que há memória em Moçambique: 714 pessoas morreram, incluindo 648 vítimas dos ciclones Idai e Kenneth, dois dos maiores de sempre a atingir o país.
Já na primeira metade de 2023, as chuvas intensas e a passagem do ciclone Freddy provocaram 306 mortos, afetaram mais de 1,3 milhões de pessoas, destruíram 236 mil casas e 3.200 salas de aula, de acordo com dados oficiais do Governo.