Pelo segundo dia, a greve simultânea dos médicos e enfermeiros está a provocar grande transtorno nos hospitais. No Hospital de São João, o maior do Norte do país, há consultas canceladas e a maioria dos blocos operatórios estão parados. A Federação Nacional dos Médicos (FNAM) acusa a ministra de agravar o caos na Saúde e pede mesmo a substituição de Ana Paula Martins.
Joana Bordalo e Sá, presidente da FNAM, tem sido um dos rostos principais da contestação ao Governo e endurece o tom das críticas, colocando em causa a continuidade da responsável pela pasta da Saúde.
“Precisamos de uma ministra da Saúde que perceba de Saúde”, atira. “Tem de mudar de atitude ou, eventualmente, ser mesmo substituída.”
O descontentamento dos profissionais do setor traduz-se nesta paralisação de dois dias. No Hospital de São João, como noutros hospitais, à semelhança do que aconteceu na terça-feira, o impacto da greve é maior nos blocos operatórios.
Ainda assim, muitos daqueles que foram ao Porto apenas para uma consulta acabaram também por ser afetados pela falta de médicos.
A greve dos enfermeiros, que decorre em simultâneo, provocou igualmente constrangimentos aos utentes.
De acordo com os sindicatos, na terça-feira a adesão à paralisação dos médicos foi de dois terços. Já a dos enfermeiros rondou mesmo os 70% de adesão.
No último dia, os sindicatos esperam uma adesão ainda maior.
Os sindicatos afirmam que a greve é ainda mais significativa em Lisboa. Os serviços mais prejudicados são cirurgias e consultas de enfermagem. Não há serviços mínimos garantidos, só nas urgências.
Durante a manhã, os utentes começaram a chegar de todo o país ao Hospital de Santa Maria, em Lisboa. Muitos deles foram obrigados a regressar a casa, com consultas ou exames adiados.
Os médicos já se fizeram ouvir à porta do Ministério da Saúde. Agora, é a vez dos enfermeiros. Também estão em greve, apesar do acordo já fechado entre o Governo e alguns sindicatos, continuam a exigir maiores aumentos salariais e melhores condições de trabalho.