
Pela primeira vez em 50 anos, a Juventude Popular (JP) tem duas mulheres a candidatar-se à liderança, no congresso que vai ditar a sucessão de Francisco Camacho. Catarina Marinho (26 anos, 13 de militância) quer passar “Do Dizer Ao Fazer”. Já para Enide Menezes (23 anos, nove de militância), “O Motivo é Portugal”. Mas há também uma terceira moção estratégica global na mesa do XXVI Congresso. Jorge Costa Braga (21 anos, seis de militância) é o primeiro signatário de “Por uma Juventude Popular Popular”.
Os três vão estar na redação do Expresso na tarde desta quarta-feira (dia 12). O debate, emitido em direto no site, está marcado para as 18 horas.
Catarina Marinho e a vontade de fazer
A atual vice-presidente da Comunicação quer uma JP “mais eficiente, dinâmica, profissional e próxima dos seus militantes”. A moção que subscreve define três eixos (Liberdade, Pessoa e Responsabilidade) e divide as propostas em três fases de vida.
Na primeira, a Educação, defende um ensino “focada no aluno e não no Estado”. Reconhecendo que “a educação é a chave para travar a pobreza de qualquer sociedade e quebrar os ciclos de pobreza intergeracional”, define um objetivo: “ter um país educado e não um povo reduzido a ser conduzido ou escravizado”. Para isso defende mais segurança nas escolas, mais qualidade no ensino, a valorização dos profissionais e mais liberdade de escolha.
Na segunda, argumenta pela “independência e emancipação” dos jovens. Para tal, defende a “absolutamente indispensável” reforma fiscal e a valorização das carreiras. “Queremos desburocratizar, simplificar e reduzir o peso e a maçada do Estado sobre quem trabalha”, afirmam.
Na terceira, lança uma série de medidas de defesa da família, das propostas para a habitação aos incentivos à natalidade e promoção da segurança (com mais apoio para as forças de segurança e mais controlo na imigração). “Portugal tem de ser um país onde é possível constituir família, onde a esfera de liberdade natural das famílias é respeitada e onde a família é valorizada como bem e valor”, escrevem.
A nível interno, a moção que subscreve quer concelhias e distritais mais ativas, mas também estruturas nacionais mais profissionalizadas e mais diálogo político. O objetivo é também “aproximar os jovens da política”.
Enide Menezes e o “motivo Portugal”
“Sabemos que, nos dias que correm, não é fácil ser da JP”, escreve Enide Menezes na mensagem que acompanha a moção que escreve. Quando a “crença fundada em valores” tende a ser substituída “pelo facilitismo populista”, a atual secretária-adjunta nacional quer que a JP se afirme “a verdadeira casa dos jovens de Direita”.
Para tal não podem existir tabus. “Temos de ser capazes de falar de imigração regulada, sem esquecer a vertente humanista que sempre lhe foi tão próxima”, argumenta. Mas também defender “Estado parceiro ao invés de um Estado obstáculo” e “lutar contra o preconceito de que [a cultura] só é valorizada e apoiada pela Esquerda”.
Entre as principais bandeiras está a agricultura. A JP deve “voltar a posicionar-nos junto dos jovens agricultores” que têm sido “ignorados e negligenciados nas últimas governações”, afirma.
A moção não esquece a saúde (mais moderna, eficiente e com mais PPP), a educação (onde se impõe a necessidade de uma “reforma profunda do sistema de ensino” e um “ensino sem ideologias” e mais autónomo), a habitação (que deve ser “prioridade nacional”) e a economia (onde é urgente a “criação de um ambiente que favoreça a iniciativa privada”, que atraia “investimento” e valorize “trabalho, inovação e empreendedorismo”).
Jorge Costa Braga e a moção que não o coloca na corrida
A moção do presidente da distrital do Porto não tem como objetivo “almejar os cargos em disputa”, ou seja não pretende liderar os jovens do CDS. O foco é antes o rumo da Juventude Popular (e do CDS por extensão).
O diagnóstico é reservado. “A posição do CDS-Partido Popular e da Juventude Popular, nos últimos anos, tem sido a de uma mera força estanque”, lê-se no documento. “Não temos sido capazes de apresentar grandes propostas”, critica. E por isso, “a situação frágil em que o partido ainda se encontra acaba por se dever a esta ambiguidade”.
Para os subscritores, a JP não pode ter medo da “(injusta) atribuição de rótulos”. E deve apresentar as suas propostas, seja a reversão do acordo ortográfico ou “o fim à atribuição da instituição do casamento a pessoas do mesmo sexo”.
Para o grupo, a JP deve defender a reforma constitucional (interrompida com a queda do último governo), pautando pela descentralização e a construção de um “verdadeiro sistema semi-presidencialista” (com o Presidente da República a assumir a política externa e a fazer um mandato único mais longo).
Pela “CEE como projeto económico”, mas contra a “União Europeia como projeto político”, a querem que a JP defenda uma “postura portuguesa” no campo internacional na qual o país reforça as parcerias que lhe sejam mais favoráveis.
O Congresso da Juventude Popular realiza-se a 22 e 23 de fevereiro na Costa da Caparica, em Almada.