A vantagem de Kamala Harris sobre Donald Trump foi muito estreita do início ao fim da corrida à Casa Branca. Com as sondagens nacionais a apontarem para um empate técnico, ambos os candidatos apostaram bastante nos sete swing states, que oscilam historicamente entre democratas e republicanos.

Destes sete há um particularmente importante, a Pensilvânia, que é o mais populoso dos sete campos de batalha por valer 19 votos do Colégio Eleitoral (mais do que qualquer outro estado oscilante). “Ambos os candidatos têm possibilidades de vencer sem a Pensilvânia mas será muito mais difícil”, afirma Nuno Gouveia, especialista em política norte-americana, um dos convidados deste episódio.

“Caso não vençam a Pensilvânia, terão que ganhar a maioria dos restantes estados, e é bastante mais complicado”. Por terem essa noção, “é onde ambos investiram mais”, diz, “desde agosto que Kamala Harris já foi 13 vezes à Pensilvânia e Donald Trump 11 vezes”. “Parece-me que quem vencer a Pensilvânia será eleito Presidente”, acrescenta Nuno Gouveia.

As campanhas foram, também, marcadas pela troca constante de acusações e insultos, usados sobretudo por Donald Trump para ofender a rival. Apesar de o tom e a linguagem não serem comparáveis, a democrata também embarcou em alguns ataques pessoais ao ex-Presidente. “Os insultos normalizaram-se desde que Trump se candidatou ao seu primeiro mandato”, nota Daniela Nunes, investigadora no Instituto de Estudos Políticos da Universidade Católica.

Segundo a convidada do episódio, tanto Harris como Trump se “esforçaram no sentido de agarrar todos os nichos”, mas não é certo se esses esforços de mobilização e apelo ao voto — incluindo junto de grupos de eleitores chave — “surtiram algum efeito, sobretudo num momento de tanta polarização e volatilidade”, em que há “muita disponibilidade das pessoas em transferir o seu voto de um extremo para o outro”.

Independentemente de quem ganhar, governar os Estados Unidos não será fácil. Além de o país estar profundamente dividido e de haver o risco de os republicanos não aceitarem uma eventual derrota — como aconteceu em 2020 —, a governabilidade vai depender muito do equilíbrio de forças no Congresso, nomeadamente no Senado (câmara alta) e na Câmara dos Representantes (câmara baixa).

Este episódio foi conduzido pela jornalista Mara Tribuna e contou com a edição técnica de Salomé Rita. O Mundo a Seus Pés é o podcast semanal da editoria Internacional do Expresso. A condução do debate é rotativa entre os jornalistas Ana França, Hélder Gomes, Mara Tribuna e Pedro Cordeiro. Subscreva e ouça mais episódios.