A família Bibas disse hoje que não recebeu "nenhum detalhe" das autoridades israelitas sobre como Shiri Bibas e seus filhos Ariel e Kfir foram mortos no cativeiro em Gaza, depois dos restos mortais terem sido devolvidos a Israel.

"A família pede que se pare de acrescentar detalhes ao facto de Shiri e as crianças terem sido assassinadas pelos seus captores", afirmou um comunicado emitido em seu nome pelo Fórum de Famílias de Reféns.
"Yarden [Bibas, pai das crianças] e a família querem que o mundo saiba que se tratou de um homicídio, sem maiores considerações", acrescenta o texto.
"Qualquer publicação de detalhes (incluindo a forma como os corpos foram tratados) é contrária à vontade da família e pedimos que isso seja evitado", continua, especificando que "a família não recebeu quaisquer detalhes de fontes oficiais" sobre as circunstâncias das suas mortes.

O Hamas devolveu na quinta-feira os corpos de Ariel e Kfir Bibas, de 4 anos e oito meses e meio respetivamente, quando foram sequestrados com sua mãe Shiri Bibas durante o ataque do Hamas em 7 de outubro de 2023 ao Kibutz Nir Oz, no sul de Israel.

O corpo de Shiri Bibas foi finalmente devolvido durante a noite de sexta para sábado, depois de, na quinta-feira, o grupo palestiniano ter enviado o corpo de outra pessoa.

Os restos mortais devolvidos a Israel pelo Hamas na sexta-feiraforam identificados como sendo da refém israelita Shiri Bibas, disse hoje a família.Os restos mortais dos dois filhos pequenos de Shiri Bibas, Ariel e Kfir Bibas, também foram identificados. No entanto, o quarto corpo não era o da mãe, mas de uma palestiniana.

Versões contraditórias

O Hamas, grupo islamita palestiniano que governa a Faixa de Gaza desde 2007, afirma que Shiri Bibas e os seus dois filhos foram mortos em novembro de 2023 por um bombardeamento israelita no local onde estavam detidos na Faixa de Gaza.

Após uma autópsia, o exército israelita afirmou na sexta-feira que as duas crianças "foram brutalmente mortas em cativeiro, em novembro de 2023, por terroristas palestinianos". Segundo o exército, os assassinos agiram "com as próprias mãos".

O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, falou em "assassinatos horríveis" cometidos por "monstros".

"Não recebemos um pedido de desculpas neste momento doloroso", disse Ofri Bibas, irmã de Yarden Bibas, num comunicado de imprensa na sexta-feira, acusando o primeiro-ministro de ter abandonado Shiri Bibas e os seus filhos em 7 de outubro de 2023 e durante o seu cativeiro.

Yarden Bibas foi libertado a 1 de fevereiro

Raptado separadamente da esposa e dos filhos, Yarden Bibas foi libertado a 1 de fevereiro como parte de uma troca de reféns por prisioneiros palestinianos detidos por Israel no âmbito da trégua com o Hamas.

Após mais de 15 meses de guerra, que fizeram pelo menos 48.208 mortos e mais de 111 mil feridos, as partes em conflito alcançaram em meados de janeiro um acordo de cessar-fogo, que entrou em vigor a 19 de janeiro e previa a troca de 33 reféns israelitas mantidos em cativeiro pelo Hamas por centenas de palestinianos encarcerados em prisões de Israel.