O Serviço Copernicus para as Alterações Climáticas (C3S), da União Europeia, revelou que a dimensão diária do gelo marinho global atingiu um novo mínimo histórico no início de fevereiro de 2025, ultrapassando o recorde anterior de fevereiro de 2023. Os dados mostram também que fevereiro de 2025 foi o terceiro mais quente de sempre a nível global, reforçando a tendência de aquecimento do planeta.

Gelo marinho atinge novo mínimo histórico

A dimensão diária do gelo marinho global, que combina a extensão do Ártico e da Antártida, registou um novo mínimo histórico no início de fevereiro, mantendo-se abaixo do recorde anterior, registado em fevereiro de 2023.

A dimensão diária do gelo marinho global de outubro de 1978 a 3 de março de 2025 (linha azul escura)
A dimensão diária do gelo marinho global de outubro de 1978 a 3 de março de 2025 (linha azul escura) C3S/ECMWF/EUMETSAT

No Ártico, a extensão do gelo marinho foi a mais baixa registada num mês de fevereiro, ficando 8% abaixo da média. Este é o terceiro mês consecutivo em que o gelo marinho do Ártico bate um recorde negativo para o mês correspondente.

A Antártidatambém registou uma diminuição significativa: a extensão do gelo marinho foi 26% inferior à média, tornando-se a quarta mais baixa de sempre para fevereiro. No final do mês, os valores indicavam que o gelo marinho poderia ter atingido o seu mínimo anual. A confirmar-se - que só será possível em março - , será o segundo menor mínimo desde que há registos de satélite.

Fevereiro de 2025 foi o terceiro mais quente de sempre

Fevereiro de 2025 foi o terceiro mês de fevereiro mais quente alguma vez registado, com uma temperatura média do ar à superfície de 13,36°C. Este valor ficou 0,63°C acima da média do período de referência (1991-2020) e 1,59°C acima da média estimada para 1850-1900, período usado como referência para os níveis pré-industriais.

Anomalia da temperatura do ar à superfície para Fevereiro de 2025 relativamente à média de Fevereiro para o período 1991-2020.
Anomalia da temperatura do ar à superfície para Fevereiro de 2025 relativamente à média de Fevereiro para o período 1991-2020. C3S / ECMWF

O inverno boreal de 2025 (dezembro de 2024 a fevereiro de 2025) foi o segundo mais quente já registado, com temperaturas 0,71°C acima da média de 1991-2020. Ficou apenas 0,05°C abaixo do recorde estabelecido no inverno anterior (2023-2024).

Nos últimos 12 meses, de março de 2024 a fevereiro de 2025, a temperatura global esteve 0,71°C acima da média de 1991-2020 e 1,59°C acima do nível pré-industrial, reforçando a tendência de aquecimento global.

"Fevereiro de 2025 dá continuidade à série de temperaturas recorde ou quase recorde observadas nos últimos dois anos. Uma das consequências de um mundo mais quente é o degelo marinho. A baixa cobertura de gelo marinho, recorde ou quase recorde, em ambos os polos, levou a cobertura global de gelo marinho ao mínimo histórico", afirmou Samantha Burgess, vice-diretora do Serviço Copernicus para as Alterações Climáticas (C3S) da União Europeia.

Temperatura da superfície do mar em fevereiro foi a segunda mais alta de sempre

A temperatura média da superfície do mar em fevereiro de 2025, na maioria do planeta (excluindo as regiões polares), foi de 20,88°C, o segundo valor mais elevado alguma vez registado para este mês.

Apesar de as temperaturas da superfície do mar continuarem invulgarmente altas em muitas bacias oceânicas e mares, a extensão dessas áreas diminuiu face a janeiro, principalmente no Oceano Antártico e no Atlântico Sul.

No entanto, algumas regiões bateram recordes de temperatura, como o Golfo do México e o Mar Mediterrâneo, onde a área de águas com temperaturas recorde aumentou em comparação com o mês anterior.

O Serviço Copernicus para as Alterações Climáticas (C3S), implementado pelo Centro Europeu de Previsões Meteorológicas a Médio Prazo em nome da Comissão Europeia e financiado pela União Europeia, publica boletins climáticos mensais sobre temperaturas globais do ar e do mar, cobertura de gelo marinho e variáveis hidrológicas. O boletim inclui também destaques relativos ao inverno boreal (dezembro de 2024, janeiro de 2025 a fevereiro de 2025).

A maioria dos dados reportados baseia-se no conjunto de dados de reanálise ERA5, que utiliza milhares de milhões de medições recolhidas por satélites, navios, aeronaves e estações meteorológicas em todo o mundo.

Brian Battaile

As consequências do aumento da temperatura no mundo

São já poucos os cantos do mundo que podem dizer que não sentem as consequências das alterações climáticas. Dos violentos fogos na Califórnia e na Austrália, ao degelo no Ártico e na Antártida, às inundações sem precedentes na Europa e na China, a verdade é inegável. O que acontece no planeta se as temperaturas aumentarem mais do que 1,5ºC, 2ºC ou 4ºC?

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