![Golfo do México ou da América? Troca polémica cria braço de berro entre jornalistas e Trump](https://homepagept.web.sapo.io/assets/img/blank.png)
A relação entre Donald Trump e os meios de comunicação social nem sempre é a melhor e há mais um episódio neste braço de ferro. A Associated Press acusou o Presidente norte-americano de impedir a entrada de um jornalista da agência de notícias numa conferência de imprensa, tudo por causa do Golfo do México.
A AP foi informada pela Casa Branca que, “se não alinhasse as suas normas editoriais” com a ordem executiva de Trump que renomeia o Golfo do México como Golfo da América, seria impedida entrar num evento na Sala Oval, o gabinete do Presidente dos Estados Unidos da América.
Num comunicado, a editora Julie Pace revelou que, durante a tarde de terça-feira, um jornalista da agência de notícias foi impedido de assistir à conferência de imprensa em causa.
A Associates Press contestou a decisão da Casa Branca e acusou Trump de castigar o jornalismo independente.
“É alarmante que a administração Trump castigue a AP pelo seu jornalismo independente. Limitar o nosso acesso à Sala Oval com base no conteúdo do discurso da AP não só impede gravemente o acesso do público a notícias independentes, como viola claramente a Primeira Emenda.”
Na altura em que Trump anunciou que o Golfo do México passaria a ser o Golfo da América, a AP divulgou um comunicado no qual esclareceu que ia continuar a usar o nome original e que atualizaria o Livro de Estilo com essa informação.
“Enquanto agência global que divulga notícias por todo o mundo, a AP tem de garantir que os nomes dos locais e a geografia são facilmente reconhecíveis por todos os públicos.”
O Livro de Estilo da AP não é só usado pelos seus jornalistas, mas também por outros meios de comunicação e instituições de todo o mundo. Na atualização feita após a ordem de Trump, a AP aconselha que o golfo mantenha o título original.
Google Maps muda o nome... mas só nos Estados Unidos
O Google Maps mudou o nome do Golfo do México para Golfo da América para as pessoas que usam a aplicação nos Estados Unidos da América.
Num comunicado, a Google justificou a troca como parte “de uma prática de longa data” que segue as mudanças de nome quando atualizadas por fontes oficiais do Governo, neste caso, o Sistema de Nomes Geográficos dos Estados Unidos da América (GNIS).
Segundo a empresa, o nome Golfo do México não será alterado para as pessoas que utilizem a aplicação no México e os utilizadores de outras partes do mundo verão a etiqueta “Golfo do México (Golfo da América”.
Uma mudança polémica
Mal chegou à Casa Branca, Donald Trump assinou uma série de ordens executivas, entre as quais a renomeação do Golfo do México para Golfo da América, numa promessa que já tinha sido feita antes.
"Vamos mudar o nome do Golfo do México para 'Golfo da América', que soa muito bem e cobre uma grande área de território. Que nome bonito. E é apropriado, é mesmo."
Mas o Presidente norte-americano só consegue controlar aquilo que se passa no seu país. Uma vez que o Golfo do México está localizado entre os Estados Unidos, México e Cuba, seria necessário ter luz verde dos outros dois países para o nome mudar oficialmente e ser reconhecido como Golfo da América no resto do mundo.
A presidente do México é contra a decisão e já anunciou que vai questionar a gigante tecnológica Google sobre a renomeação: "Vamos enviar uma carta à Google, primeiro para dizer: suponho que a Google Maps saberá desta divisão internacional, saberá também qual é a organização que nomeia os mares internacionais e o que corresponderia, em qualquer caso, à plataforma continental."
Deste modo, o Presidente pode mudar o nome, mas só nos Estados Unidos. Os restantes países não são obrigados a concordar, nem adotar o novo nome.