"Não acredito que esta seja a melhor abordagem para proteger o público das ameaças reais representadas pela tecnologia", disse Gavin Newsom, num comunicado.

"Não oferece uma solução flexível e abrangente para conter possíveis riscos catastróficos", acrescentou o democrata, no domingo.

O projeto de lei SB1047, aprovado pelo parlamento da Califórnia, tinha sido a primeira proposta deste género nos EUA, mas foi alvo de críticas por parte das principais empresas de Silicon Valley.

As tecnológicas alertaram que o projeto ameaçava o crescimento da IA e poderia provocar uma fuga de empresários e engenheiros de Silicon Valley, precisamente quando o setor começa a dar sinais de recuperação após a pandemia.

Apesar do veto, Newsom anunciou que recrutou líderes na área tecnológica para ajudar a Califórnia a proteger a população dos "riscos potencialmente catastróficos" da implementação da IA.

"Trabalharemos de forma cuidadosa e rápida para encontrar uma solução que se adapte a esta tecnologia em rápida evolução e aproveite o seu potencial para promover o bem público", acrescentou o governador.

O projeto de lei apresentado pelo senador Scott Wiener estabeleceria "salvaguardas de bom senso, as primeiras do país, para proteger a sociedade do uso da IA para realizar ataques cibernéticos a infraestruturas críticas, desenvolver armas químicas, nucleares ou biológicas ou desencadear crimes automatizados".

Na rede social X (antigo Twitter), o democrata Wiener classificou o veto de Gavin Newsom como uma "oportunidade perdida" para a Califórnia liderar o país na regulamentação da tecnologia.

A União Europeia já estabeleceu diretrizes para regular uma tecnologia que explora campos como 'chatbots' semelhantes a humanos ou geradores de imagens e vídeos realistas.

Em 17 de setembro, Gavin Newsom ratificou dois projetos de lei para proteger a imagem digital dos artistas do uso das atuações geradas por IA.

A lei AB 1836 proíbe o uso comercial de réplicas digitais de artistas falecidos em películas, programas de televisão, videojogos, audiolivros, gravações de som e mais, sem o consentimento prévio dos herdeiros desses artistas.

Já a AB 2602 reforça as proteções para os artistas nos acordos sobre o uso das suas imagens digitais, exigindo que estúdios e outros empregadores solicitem uma autorização específica aos artistas para poderem criar réplicas digitais.

Newsom assinou os documentos na sede do principal sindicato de atores, o SAG-AFTRA, um dos setores mais reivindicativos quanto à regulação do uso da IA, tema que causou uma greve que paralisou a indústria cinematográfica em Hollywood durante 118 dias.

VQ (RN) // VQ

Lusa/fim