"Recorde-se que a cessação das hostilidades entre as partes levou a uma redução significativa das hostilidades, um desenvolvimento positivo após um período de violência intensificada que temos assistido, e este desenvolvimento positivo deve ser preservado", disse o porta-voz de Guterres, Stéphane Dujarric, numa conferência de imprensa.

No entanto, Guterres manifestou preocupação com os relatos de múltiplas vítimas devido ao fogo israelita contra civis libaneses que regressavam às aldeias onde as Forças de Defesa de Israel (IDF, na sigla em inglês) continuam presentes no sul do Líbano, e apelou "às partes para que exerçam contenção e cautela".

O Ministério da Saúde libanês estimou o número de mortes nos últimos dois dias em 26.

Guterres instou Israel e o Líbano a cumprirem os compromissos em relação ao acordo sobre a cessação das hostilidades e apelou a mais progressos na mobilização do Exército libanês e na retirada das IDF.

O português sublinhou a importância de "evitar novas medidas que poderiam aumentar as tensões, colocar civis em perigo e atrasar ainda mais o seu regresso às suas cidades e vilas de ambos os lados, Israel e Líbano".

Na segunda-feira, o secretário-geral do movimento xiita libanês Hezbollah, Naim Qasem, rejeitou o prolongamento do cessar-fogo com Israel no Líbano e exigiu a retirada das tropas israelitas de todos os territórios ocupados no sul do país.

Num discurso transmitido pela estação de televisão Al-Manar, controlada pelo Hezbollah, Wasem defendeu que Israel se deveria "retirar após o prazo dos 60 dias" do cessar-fogo inicialmente acordado, que terminou no domingo.

O líder do Hezbollah sublinhou ainda que a violação do acordo por Israel constitui a confirmação de que o Líbano necessita do movimento armado xiita, que considera que as suas ações são parte integrante da resistência à ocupação israelita do sul do Líbano.

"As violações do acordo de cessar-fogo confirmam a necessidade de resistência do Líbano", salientou Qasem.

Qasem responsabilizou a ONU e os Estados Unidos por "todas as repercussões provocadas pelo atraso da retirada israelita, que ontem [domingo] fez 24 mortos e 124 feridos que tentavam regressar às suas aldeias ocupadas no sul do Líbano", e criticou o silêncio dos líderes internacionais sobre a prorrogação do acordo.

"Não ouvimos nenhuma crítica dos soberanos sobre as violações do cessar-fogo", afirmou Qasam.

Ao mesmo tempo, acusou Israel de "crimes de guerra" devido às suas operações no país, que deixaram mais de 4.000 mortos e 16.638 feridos entre setembro e dezembro de 2024, quando o acordo já estava em vigor.

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